Monitoramento identificou transgênicos em 34% das 1098 amostras de milho crioulo coletadas no Semiárido brasileiro. Resultado representa vulnerabilidade de espécies e uma ameaça à biodiversidade e à segurança alimentar e nutricional

Baseado na experiência de 15 anos de regulamentação de organismos geneticamente modificados e em projetos interinstitucionais de conservação da agrobiodiversidade, o artigo “Fluxo transgênico: desafios para a conservação on farm de variedades crioulas de milho no Semiárido brasileiro”¹ debate os desafios para a coexistência de dois modelos de agricultura a partir da detecção de proteínas transgênicas em variedades crioulas de milho. O texto integra a mais recente edição da Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, publicada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

Brasil reúne mais de 20 raças de milho . (Foto: Gilka Resende)

Como parte de um amplo processo de monitoramento participativo de fluxo gênico, 1098 amostras de milho crioulo foram coletadas² no Semiárido brasileiro e analisadas por meio de fitas imunocromatográficas. Os testes revelaram 34% de amostras com a presença de proteínas geneticamente modificadas. Conclui-se que as normas de biossegurança vigentes no país não permitem assegurar a conservação do milho.

O Brasil é um dos maiores produtores globais de cultivos geneticamente modificados e centro de origem e diversificação de espécies relevantes para a agricultura e a alimentação. As monoculturas transgênicas ocupam cerca de 50 milhões de hectares, enquanto agricultoras e agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais respondem pela conservação de recursos genéticos locais. O ônus desse processo de contaminação vem sendo assumido por segmentos que contribuem para a conservação da agrobiodiversidade e não se beneficiam da adoção de sementes geneticamente modificadas.

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[1] Tradução de artigo em inglês publicado originalmente na Revista Plants. Autoria: Gabriel Fernandes, do Grupo de Trabalho (GT) Biodiversidade da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA); Ana Cláudia Silva, da Universidade Federal de Goiás ( UFG); Maitê Maronhas, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA); Amaury dos Santos e Paola Lima, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Alimentos e Territórios.

[2] As amostras foram coletadas entre 2018 e 2021 durante o projeto Agrobiodiversidade do Semiárido, uma parceria entre a Embrapa e a ASA.