Cerca de trinta representantes de organizações de todas as regiões do país participaram da Oficina de Avaliação de Impactos da Agroecologia promovida pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), entre os dias 09 e 10 de setembro, no Rio de Janeiro. Serão realizados pelos consultores e articuladores nas regiões até o início de 2016 estudos territoriais e caravanas agroecológicas e culturais, como instrumentos políticos e de comunicação, apontando evidências de impactos positivos da agroecologia. O projeto é apoiado pela Fundação Banco do Brasil e pelo BNDES.
Serão aproximadamente vinte estudos sobre experiências agroecológicas espalhadas por todas as regiões do país, cujos resultados serão apresentados e discutidos em quatro caravanas agroecológicas e três encontros. O Encontro Nacional de Agricultura Urbana, previsto para outubro no Rio de Janeiro, o Encontro Estadual de Agroecologia no Mato Grosso e o Encontro de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro estão previstos nesse cronograma. As Caravanas Agroecológicas e Culturais serão realizadas no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, na região central de Rondônia, no Norte de Minas Gerais e no Sertão do Araripe (PE), com datas a confirmar.
“Nosso objetivo é dar consistência à densidade social da agroecologia para que ela se transforme num projeto não só do mundo rural mas também reconhecido na sociedade”, explicou Silvio Almeida, do núcleo executivo da ANA. Segundo ele, uma das finalidades desses estudos é responder ao lema do III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado em Juazeiro (BA) no ano passado: “Por que interessa a sociedade apoiar a agroecologia?” É uma tomada de consciência da inteligência da ANA para apresentar experiências sobre outras alternativas para a organização social e ecológica no mundo rural no país, complementou.
“A ideia foi dar início a um processo coletivo, sistemático e consistente de uma ferramenta de conhecimento para produzir evidências. Não é só trazer números, que é um elemento importante, mas também trabalhar diferentes dimensões de um conceito novo de economia rural. O estudo cria melhores capacidades de observação e conhecimento, mas não acaba em si. É um instrumento de comunicação social: disseminação da ideia da agroecologia para ser apropriada pela sociedade e as políticas do Estado. Transformar conhecimento em força política, pensar estratégias de fortalecimento da agricultura familiar numa conjuntura de incertezas e ameaças”, disse.
De acordo com Gustavo Martins, da Ação Nascente Maquiné (Anama), no litoral norte do Rio Grande do Sul, um dos consultores dos estudos e organizador da caravana agroecológica, é uma nova forma analisar os territórios ao ampliar as dimensões das abordagens. Para ele, assim é possível ter um entendimento mais compartilhado das experiências agroecológicas nos locais. Seria muito diferente fazer um estudo do território isolado a partir de uma metodologia própria, ao invés de uma análise compartilhada contrastando com outros territórios, acrescentou.
“É um processo rico de aprendizado. No sul voltamos com a tarefa de realizar os outros dois estudos e pensar a organização da caravana, de como isso retorna ao nosso trabalho de organização, análise de dados, e resultados do estudo aos territórios e seus atores. É um olhar diferenciado porque tem mais gente envolvida, de outros lugares e organizações com abordagens diferentes. Nessa reunião, por exemplo, foram provocadas as questões de gênero e acabamos atentando para isso. Então esse trabalho coletivo contribui para consideramos aspectos que muitas vezes não são levados em conta, como a questão ambiental”, afirmou.