O encontro em Florianópolis promoveu um ato público na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e visitas a experiências agroecológicas.
Florianópolis recebeu, de 2 a 5 de julho, a Plenária Nacional Anual da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), que contou com uma programação de apresentações, debates, visitas a experiências agroecológicas e um ato na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), com a participação de lideranças locais e parlamentares.
Participaram da plenária aproximadamente 100 pessoas: representantes das redes estaduais e regionais de agroecologia, movimentos sociais, redes e fóruns nacionais e regionais que integram a ANA, membros dos GTs e coletivos,, Núcleo Executivo e Secretaria Executiva da Articulação.
Um dos temas que permeou o encontro foi a tragédia climática no Rio Grande do Sul: o tema foi centro da discussão inicial sobre a conjuntura brasileira, esteve presente nos encontros dos Grupos de Trabalho (GTs) e motivou uma ação de solidariedade, com a coleta de sementes crioulas de todo o Brasil para doação à agricultura familiar da região, que teve sua biodiversidade ameaçada pelas enchentes.
O debate sobre conjuntura, que abriu a Plenária, avaliou oportunidades para o avanço da agroecologia, além de abordar a agenda climática e a preparação do campo agroecológico para participação nas COP 29 e 30. Outro ponto importante da análise de conjuntura construída coletivamente foi uma avaliação da participação da ANA nos espaços institucionais de diálogo com o governo federal.
A Plenária promoveu também a apresentação e o debate da iniciativa Agroecologia nas Eleições 2024, abrindo o desenho participativo de formas de engajamento para as redes em seus territórios.
Os participantes visitaram quatro experiências de agroecologia e agricultura familiar na região metropolitana: a aldeia indígena Yynn Moroti Wherá, o Quilombo Vidal Martins, o projeto de compostagem comunitária Revolução dos Baldinhos e o Laboratório de Comercialização da Agricultura Familiar (LACAF) da UFSC, onde aconteceu uma roda de conversa com agricultoras/es agroecológicas/os que participam de células de consumo responsável em Florianópolis e região metropolitana .
Durante a Plenária, foi promovido o evento Agroecologia na Casa do Povo, dia 4 de julho, na Assembleia legislativa de Santa Catarina (Alesc), organizado pelo Cepagro, que compôs a comissão organizadora local da Plenária, e pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), em parceria com o Mandato Agroecológico do Deputado Marquito. A mesa na Alesc contou com a participação de representantes do movimento agroecológico de todo o país, especialmente do Sul e de Santa Catarina.
O debate abordou como a agroecologia pode promover justiça climática e oferecer recursos para a implementação de um sistema de produção voltado para alimentar a população, além de soluções para a agricultura familiar, povos indígenas, quilombolas e comunidades urbanas afetadas por eventos climáticos.
No debate sobre políticas públicas, foram destacadas a necessidade do Brasil abandonar o triste primeiro lugar mundial no uso de agrotóxicos e as dificuldades para o lançamento do Programa de Redução de Agrotóxicos (Pronara).
Ao final do debate Agroecologia na Casa do Povo, foi dado início a uma mobilização nacional pelo Pronara Já, que reforçou o posicionamento debatido ao longo da Plenária sobre a necessidade de cobrar do governo federal a inclusão do Pronara no Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica 2024-2027, que tinha o lançamento previsto para julho. Já ao final da Plenária Nacional da ANA, foi decidida a realização da quinta edição do Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) em 2026, em local e data a serem definidos.
Como tem acontecido todos os anos, a Plenária Nacional de 2024 foi um importante momento para a reflexão coletiva sobre avanços e desafios para o campo agroecológico diante da conjuntura, para o compartilhamento de aprendizados e de estratégias de ação e mobilização, e também para a discussão de propostas para ações futuras, a serem desenvolvidas em rede e com o engajamento de grupos, movimentos, redes e organizações de todas as regiões do país.
Com sentimento de pertencimento coletivo renovado, as/os participantes deixaram Florianópolis com a bagagem mais cheia de conhecimentos, com suas redes de companheiras/os e de afetos fortalecida e ampliada, e animadas/os para mobilizar e engajar seus territórios no processo de construção do V ENA. Rumo ao V ENA!