Foto: Lorena Anahi

Indígenas dos povos Kaingang-RS, Terena- MS, Tingui Botó – AL, Tupi Guarani-SP e Tupinambá – PA, na Plenária Nacional da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) realizada de 05 a 08 de julho de 2022, em Belo Horizonte – MG, reiteram a importância da participação indígena nesse espaço e nos demais que envolvem a agenda agroecológica. E para além da presença, destacamos a necessidade de ampliação da incidência participativa indígena, nessa construção de enfrentamento às políticas genocidas.

Os retrocessos nas esferas institucionais têm nos limitado e interferido nas conquistas históricas que fortalecem as práticas agroecológicas nos territórios como a PNAPO, a PNGATI, o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI) e a própria FUNAI que tem sido sucateada na gestão do atual governo.

O processo histórico de construção da agroecologia enquanto movimento no Brasil, teve importante contribuição dos saberes e práticas de manejo tradicionais dos povos indígenas, ao mesmo tempo em que a nossa presença foi incipiente nesse processo de construção. No entanto, na última década, temos estado mais presentes no campo do debate e inserção política nos ENA’s (Juazeiro e BH) e nos CBA’s (Belém, Brasília e Aracaju) envolveram centenas de lideranças e dezenas de povos indígenas de todos os biomas do país, nos instigando a buscarmos estratégias organizativas que contribuam com a agricultura ancestral dos povos indígenas como ferramenta de enfrentamento ao genocídio indígena no Brasil. Esse projeto colonialista que remonta do século XVI, continua a fazer investidas sistemáticas de extermínio a nós povos indígenas, evidenciadas pelos projetos de leis que tramitam nas três instâncias do Estado Brasileiro.

Compreendemos que para o avanço político de pautas e agendas que envolvem a Agroecologia no Movimento Indígena, além do importante apoio que já temos de parcerias indígenas e indigenistas, precisamos, em conjunto, incidir profundamente sobre as organizações indígenas e indigenistas, pautando desde as organizações de base, as organizações regionais e a APIB (entidade nacional). Consideramos urgente e estratégica a realização do Primeiro Encontro de Agroecologia Indígena.

Pleiteamos a criação de um GT de Povos Indígenas no âmbito da ANA, onde possamos ampliar nossa participação, discussão e colaboração acerca da Agroecologia, das práticas agrícolas em nossos territórios, dos desafios comuns às nossas populações e de como podemos construir um diálogo com entidades parceiras.

Já como ações imediatas no sentido de alcançarmos os objetivos sonhados, planejamos nos organizarmos enquanto Coletivo Indígena de Agroecologia e já estabelecemos um calendário de reuniões de planejamento para os próximos períodos com intuito de definirmos ações e estratégias organizativas que fortaleçam nossas ideias. Tão logo nos organizemos, estaremos apresentando a sociedade, ao movimento indígena, apoiadores e aos parceiros, nossa estrutura organizativa, nossas metas, nossas agendas e esperamos assim ampliar o debate da produção agroecológica nos territórios indígenas.

No mais, reiteramos a importância exercida pela ANA na parceria com os Povos Indígenas e seu compromisso com toda sociedade brasileira. A causa indígena é de todos nós!

Foto: Lorena Anahi
Foto: Lorena Anahi
Foto: Lorena Anahi