De acordo com IBGE, 85% das propriedades rurais são de agricultura familiar, porém apenas 16% da população brasileira é rural.
A manutenção das famílias no campo, produzindo alimentos, gerando emprego e renda e contribuindo para a diminuição do êxodo rural, também são objetivos da Agroecologia, campo da ciência que utiliza técnicas de base ecológica, unindo o conhecimento científico ao saber popular, para a produção sustentável e a promoção de mais justiça no campo. A Agroecologia será amplamente debatida no III Encontro Internacional de Agroecologia, que será realizado em Botucatu (SP), entre os dias 31 de julho e 03 de agosto de 2013.
De acordo com uma das organizadoras, a doutora em Educação em Agroecologia, Beatriz Stamato, a permanência das famílias no campo é essencial para a produção de alimentos de qualidade. “Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a agricultura camponesa, que no Brasil produz 70% dos alimentos, só consegue acessar 14% dos créditos. Em contrapartida, a agricultura latifundiária que produz massivamente para exportação e em aliança com as grandes empresas, utilizando técnicas de monocultura que provocam o esgotamento do solo e fazem uso indiscriminado e sistemático de agrotóxicos fica com grande parte dos recursos. O avanço dessa grande agricultura pressiona os agricultores para que saiam de suas propriedades”, explica.
Relações sociais – Beatriz destaca que 85% das propriedades rurais são de agricultura familiar, porém apenas 16% da população brasileira é rural. “A violência no campo é crescente, as famílias são pressionadas a deixarem as terras para que sejam ocupadas pela indústria do agronegócio, causando o êxodo rural e o excesso de pessoas nas cidades, sem que possuam uma forma de renda garantida. Elas simplesmente migram para as cidades por não terem para onde ir”, lamenta.”É possível fazer o caminho inverso, já que 70% da produção de alimentos básicos da nossa mesa vêm da agricultura familiar. É preciso que a sociedade tenha conhecimento dessas informações e faça a opção por comprar alimentos produzidos de forma sustentável”, conta. “São mais baratos se comprados em hortas comunitárias e diretamente dos produtores”, exemplifica.
Dependência – a doutora ressalta que a Agroecologia prioriza o uso de técnicas populares aliadas ao saber científico para que o produtor rural tenha independência de produção em relação aos gigantes do agronegócio. “Quando o produtor é pressionado a usar uma semente híbrida ou transgênica, por exemplo, ele tem que comprar todo um ”pacote tecnológico”, que inclui os insumos químicos, pois aquelas sementes só irão germinar e crescer com a aplicação daqueles determinados produtos e não vão gerar novas sementes. E essas sementes só duram por um ano, na safra seguinte o produtor tem que comprar novas sementes e novos insumos. Forma-se um ciclo de dependência do produtor em relação à indústria de insumos industriais. A Agroecologia possibilita a quebra deste ciclo, tornando o produtor independente”, explica.
O evento é uma realização da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp – Campus de Botucatu -, Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais e Instituto Giramundo Mutuando.
Inscrições, programação completa e mais informações no site www.eia2013.org
(*) Divulgação do III Encontro Internacional de Agroecologia.