O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que tem por estratégia o Plano Camponês e por objetivo a construção da Soberania Alimentar dos Povos, vem desenvolvendo varias experiências de resgate, reprodução e distribuição de sementes criolas. O controle das sementes criolas pelos camponeses e suas organizações é parte fundamental na implementação do Plano Camponês, para a Soberania Alimentar e o Poder Popular, além de ser uma das formas de enfrentamento ao agronegócio.
Em Abril de 2012, o MPA realizou a V Festa Nacional das Sementes Criolas em Anchieta, Santa Catarina, com a presença de mais de 30 mil pessoas, bem como de representações de camponeses de 15 países da America Latina e Europa. A delegação francesa, além de intercambiar conhecimentos, saberes e práticas, voltou para França com espécies criolas de feijão, milho, arroz , que foram plantadas no Noroeste da França (Loire-Atlantique) pela família camponesa de Christian e Patricia Testard que tem a pratica da produção agroecológica.
A germinação e o desenvolvimento das espécies na França mostram o quanto as sementes criolas tem alto poder de adaptação aos climas e solos, assim como revela o profundo conhecimento camponês no manejo de sementes em diferentes países. Maria Kazé, responsável pelas relações internacionais do MPA, afirma: “observar as sementes criolas dos camponeses que integram o MPA sendo cultivadas pelos camponeses franceses reafirma o papel que o campesinato tem hoje, a nível internacional, no enfrentamento as multinacionais”. E ressalta que “as sementes criolas do MPA são parte central na consolidação das relações de solidariedade e de luta entre o campesinato de todos os continentes contra o capital”.
Para Raul Krauser, da Direção Nacional do MPA, “o trabalho das famílias camponesas do MPA em torno das sementes criolas integra a campanha internacional da Via Campesina que tem por tema Sementes: Patrimônio dos Povos a Serviço da Humanidade”. Krauser afirma que “o trabalho que estamos realizando como movimento Camponês em torno das sementes é para construção da soberania genética, o que contribui para que os camponeses rompam com a dependência das multinacionais e sua imposiçao de pacotes tecnológicos baseados no uso intensivo de agrotóxicos e sementes transgenicas ou de má qualidade”.
Em breve será iniciada a construção de dois Centros de resgate, produção, conservação e reprodução de sementes agroecológicas, no município de Domingos Martins (ES) e São Miguel do Oeste (SC) em parceria com a Associação Kokopelli (França) que há mais de 20 anos atua, de forma sistematizada, com sementes criolas em vários países da America Latina, África, Ásia e Europa. As relações entre o MPA e o campesinato francês, concretizadas a partir dessas iniciativas, apontam na direção do fortalecimento do trabalho com sementes criolas e do intercâmbio entre camponeses desses dois países.
(*) Matéria reproduzida da página do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)