O Dossiê Abrasco: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos foi lançado em Brasília na última quarta-feira (16) durante o Seminário Dialoga Brasil Agroecológico. Estavam presentes no Palácio do Planalto lideranças do movimento agroecológico de todo o país e os ministros Miguel Rosseto, da Secretaria Geral da Presidência da República, e Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário. Desde o ano passado a obra está sendo lançada em diversos estados.
“Esse lançamento é significativo neste momento, porque entendemos que é mais um ato de reivindicação do lançamento imediato do Pronara (Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos). Estamos apresentando esse grave problema em todas as suas dimensões, e os caminhos da agricultura sem agrotóxicos: temos respostas, soluções, territórios no Brasil com agroecologia para reverter essa situação triste de campeão mundial de agrotóxicos. É um ato em defesa da agroecologia, e dessa obra que tem importância para políticas públicas”, afirmou Denis Monteiro, secretário executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
O Dossiê está sendo lançado em todo o Brasil e os organizadores estão recebendo convites para eventos em universidades por todo o país, disse Marcelo Firpo, membro da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Para os movimentos da saúde, disse o professor da Fiocruz, a agroecologia é um exemplo contundente da promoção emancipatória da saúde.
“Nos últimos 20 anos expande-se a agroecologia, e por outro lado o Brasil se torna o país que mais consome agrotóxicos no momento em que o mundo faz o caminho reverso. É fundamental que a saúde assuma um papel central no desenvolvimento, mostrar os efeitos econômicos perversos dos impactos dos agrotóxicos. O Brasil gasta bilhões de dólares com tratamentos crônicos associados a contaminações químicas. Corremos riscos da flexibilização da regularização e controle de agrotóxicos no Brasil, abrindo mão dos critérios de saúde em nome de uma emergência econômica do agronegócio. Consideramos o Pronara absolutamente fundamental, depende dele todos os avanços que esperamos”, destacou.
O livro foi feito por muitas mãos, com a participação de Universidades, Fiocruz, Embrapa, Inca e movimentos sociais, como a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), explicou a pesquisadora Karen Friedrich, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz). Após ser dividido em quatro capítulos lançados em vários momentos, em 2014 virou um livro atualizando os estudos científicos, complementou. Segundo ela, o dossiê defende a aroecologia ea reforma agrária como caminho para por fim aos agrotóxicos e tornar o Brasil um país mais saudável.
“Nesse processo vimos várias ações de desregulações na área dos agrotóxicos e meio ambiente. A obra evidencia contaminações e cada capítulo encera com dez proposições, como proibir os agrotóxicos banidos em outros países e a suspensão das isenções tributárias. Desde 2008 o consumo de agrotóxicos vem aumentando, 86% está em apenas seis culturas embora a pulverização área contamine outros cultivos e recursos naturais. A soja se mantém constante, mas o uso do herbicida dispara a partir do momento que liberaram suas sementes transgênicas. Diminuindo a área plantada de feijão, mandioca e arroz ao mesmo tempo do crescimento das commodities”, concluiu.
Foto: Wanessa Marinho/CTA-ZM.