A publicação, que será distribuída aos participantes do evento,
traz a análise  de um mapeamento nacional inédito

Durante o 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), que ocorre de 15 a 18 de outubro, em Juazeiro (BA), a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) promove uma série de atividades. Entre os destaques, está o lançamento da publicação “No Clima da Agroecologia”. Em formato de jornal, a publicação analisa os principais resultados do mapeamento “Agroecologia, Território e Justiça Climática”, que revela como as práticas agroecológicas estão enfrentando os impactos das mudanças climáticas e reestruturando sistemas alimentares em todo o Brasil.

Plenária Feministas da Agroecologia na luta por Justiça Climática, contra Racismo Ambiental e por Convivência com os Territórios reuniu centenas de participantes no espaço multieventos da UNIVASF. Foto: Helen Borborema/ANA

O estudo, realizado entre abril e junho de 2025, identificou 503 experiências agroecológicas em 307 municípios, mobilizando mais de 20 mil pessoas de diversos grupos, incluindo agricultoras e agricultores familiares, povos indígenas, quilombolas, jovens, estudantes e comunidades tradicionais. Mais da metade das experiências (56,3%) relatou queda na produção devido às mudanças climáticas, enquanto 48,1% apontou perda de alimentos. Por outro lado, práticas como manejo do solo (70,7%), diversificação produtiva (63%), plantio de árvores e reflorestamento (56,9%), compostagem (52,7%) e tratamento ecológico de esgotos (26,2%) mostram como as comunidades têm se adaptado e promovido a justiça climática em seus territórios. 

Os principais resultados e análises do mapeamento estão disponíveis no site da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e as experiências estão cadastradas e disponíveis para consulta na plataforma Agroecologia em Rede, onde é possível utilizar filtros para selecioná-las por localização, identidade, área temática e abrangência.

Ao todo, a ANA participará da coordenação de 14 atividades durante a programação do CBA, que envolvem a Secretaria Executiva da ANA e os GTs Mulheres, Biodiversidade, Justiça Climática e o Coletivo Nacional de Agricultura Urbana (Cnau), além de parceiros como Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rede ATER Nordeste de Agroecologia, AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Associação Agroecológica Tijupá e Fase – Solidariedade e Educação.

Antes do início do congresso (14 e 15 de outubro), a ANA participa do primeiro encontro presencial com as 41 redes territoriais de agroecologia que foram aprovadas no último edital do programa Ecoforte, o Encontro Ecoforte de Redes Territoriais de Agroecologia. O encontro, que também ocorre em Juazeiro, foi proposto pela Fundação Banco do Brasil, BNDES e a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo), da qual a ANA é integrante. 

“As redes vão começar a executar os projetos aprovados no início do ano que vem, e os primeiros contratos estão sendo assinados agora, inclusive, algumas dessas assinaturas ocorrerão no CBA”, conta Flavia Londres, da Secretaria Executiva da ANA.

Com auditório cheio, plenária teve a participação de diversos movimentos e organizações de mulheres para refletir sobre como as perspectivas agroecológica, feminista e antirracista podem ser referência para os debates no evento. Foto: Helen Borborema/ANA

As intenções do encontro são colocar todas as redes a par do histórico do programa, que já está na terceira edição, além de criar um canal de diálogo entre as redes, os financiadores e a Cnapo. Esse terceiro objetivo tem a ver com o monitoramento do programa. “Será compartilhada a experiência de sistematização do primeiro edital das redes do Ecoforte, que foi conduzido pela ANA, e apresentada uma nova proposta de monitoramento dos novos projetos”, explica Londres.

Iniciando o congresso, dia 15 (quarta-feira), o GT Mulheres da ANA organiza uma plenária aberta a todas as mulheres do CBA, com o objetivo de fazer uma reflexão coletiva sobre como as perspectivas agroecológica, feminista e antirracista podem ser referência para os debates no evento. O GT Mulheres realiza também um seminário para discutir os avanços, desafios e demandas para aprimorar a política de Assistência Técnica e Rural (Ater) para e com as mulheres rurais. A pauta inclui o fortalecimento de sistemas alimentares justos, estratégias de mitigação da crise climática e desertificação, tecnologias sociais, acesso a mercados e às políticas públicas da agricultura familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil (PCTs), iniciativas de trabalho de cuidados, preservação da sociobiodiversidade e enfrentamento às violências e ao racismo.

O tema da Ater também será abordado em um seminário promovido pela Rede ATER Nordeste de Agroecologia em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Na pauta, estão os principais aprendizados da pesquisa-ação de monitoramento de políticas públicas em territórios do Semiárido brasileiro,  desenvolvidas pela Rede ATER Nordeste de Agroecologia ao longo do projeto Cultivando Futuros, em 2024 e 2025, e a proposta do sistema de monitoramento dos efeitos locais de políticas públicas integradas aos Planos Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional (Plansan), de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) e de Abastecimento Alimentar (Planab).

Na programação do GT Biodiversidade, há um painel para a análise dos desafios relacionados à promoção e proteção da agrobiodiversidade no cenário contemporâneo, e outro dedicado aos avanços em manipulações genéticas e suas implicações na biodiversidade.

A agricultura urbana estará em foco em duas atividades organizadas pelo Cnau: uma roda de conversa sobre experiências práticas e iniciativas de ensino, pesquisa e extensão ligadas à participação e controle social, e um encontro de experiências práticas e iniciativas de ensino, pesquisa e extensão para debater a construção do conhecimento sobre as agriculturas urbanas no Brasil, a partir dos aprendizados e resultados do 2º Encontro Nacional de Agricultura Urbana (ENAU). 

Programação

Dia 15 de outubro

Encontro Ecoforte com as Redes Territoriais de Agroecologia: manhã 

Plenária Feministas da Agroecologia na luta por Justiça Climática, contra Racismo Ambiental e por Convivência com os Territórios: 14h às 17h, no espaço multieventos da UNIVASF

Dia 16 de outubro

Painel Cultivar e proteger a diversidade do sistema agroalimentar: 8h às 12h, no Espaço Umbuzeiro Multieventos 

Participantes: Patrícia Goulart Bustamante (EMBRAPA), Roselita Vitor da Costa Albuquerque (ASA/Polo da Borborema), Jaqueline Andrade (Terra de Direitos/GTBio/ANA).

Marciano Toledo (MPA/Via Campesina – integrante da Câmara Setorial das Guardiãs e dos Guardiões da Biodiversidade/GTBio/ANA), Fernanda Testa Monteiro (pesquisadora do Grupo de Estudos em Territórios, Sociobiodiversidade e Agriculturas Tradicionais (UFVJM/UFJF/UFMG), Marilene Nascimento Melo (ASA Paraíba/Rede Feminismo e Agroecologia do Nordeste). Moderador:  André Burigo (Agenda de Saúde e Agroecologia da Fiocruz).

Ato de Contratação das Redes Territoriais de Agroecologia – Programa Ecoforte

Dia 17 de outubro

Mesa Agroecologia e interculturalidades: denúncias, anúncios e celebrações dos territórios a partir do Cinema: 9h às 11h30, no Centro de Cultura João Gilberto

Roda de conversa sobre filmes e atividades no campo audiovisual realizada pela comissão organizadora do 3° Festival Internacional de Cinema Agroecológico (FICAECO).

Participantes: Mediação: Micaelle Xukuru – Povo Xukuru (AL), Coordenação: Murilo Mendonça Oliveira de Souza – Professor e Pesquisador PPGEO/UEG, Beto Novaes: Documentarista, Professor e Pesquisador/UFRJ, Leonardo Melgarejo, fotógrafo e ambientalista (GTBio/ANA) e representantes dos filmes

Seminário ATER Mulher: construindo políticas públicas para a autonomia das mulheres rurais e de povos e comunidades tradicionais no Brasil: 14h às 16h, no auditório do Grande Hotel Juazeiro

Inovações camponesas na construção dos sistemas alimentares resilientes às mudanças climáticas e produção de alimentos: 14h às 16h, no Terreiro de Inovações

Discussão do tema das mudanças climáticas e sistemas alimentares e lançamento da publicação com os resultados do “Mapeamento Agroecologia, Território e Justiça Climática”, coordenado pelo GT Justiça Climática e Agroecologia da ANA.

Espaço de compartilhamento de histórias, desafios e perspectivas atuais das experiências de agricultura urbana locais para construir e fortalecer a participação e controle social em programas e políticas públicas: 14h às 16h

Planab, Planapo e Plansan: integrando políticas para a transição justa dos sistemas alimentares e o enfrentamento às mudanças climáticas

Dia 18 de outubro

Avanços em manipulações genéticas e suas implicações sobre a biodiversidade: 8h, na Tenda Rachel Carson 

Conversa Impactos dos Agrotóxicos para a Agricultura Familiar: 10h, na Tenda Rachel Carson 

Mulheres rumo ao V ENA: Feminismo, justiça climática, enfrentamento ao racismo ambiental e a resistência nos territórios: 14h às 16h

Construção do conhecimento sobre as agriculturas urbanas no Brasil: questões e caminhos para avançar após o 2º Encontro Nacional de Agricultura Urbana (ENAU): 14h às 16h
Seminário Monitoramento participativo de políticas públicas para a agricultura e alimentação: aprendizados do projeto Cultivando Futuros: 14h às 16h