Pesquisa investiga contexto nacional e se debruça sobre trajetória de redes de agroecologia de seis regiões metropolitanas  

Agenda de Saúde e Agroecologia/VPAAPS

Buscando construir um panorama da agricultura urbana no Brasil, está em curso um projeto conduzido por pesquisadoras e pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz e do Coletivo Nacional de Agricultura Urbana (CNAU). A iniciativa, gestada pela Agenda de Saúde e Agroecologia, ligada à Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS), foi iniciada em janeiro de 2022 e está prevista até dezembro de 2023.

As relações entre agricultura urbana agroecológica, promoção da saúde e direito à cidade são enfocadas na pesquisa, que visa fortalecer a atuação em redes e a construção do conhecimento em torno da temática. Os atravessamentos provocados pelas dimensões de gênero, raça e justiça ambiental também são considerados no projeto, que reflete sobre o cenário nacional e se debruça sobre experiências e memórias construídas por redes e grupos de agroecologia nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES), e nos municípios de São Paulo (SP) e Florianópolis (SC).

Como desdobramentos, foram construídos até então um “Rio do Tempo” – metodologia participativa de levantamento de marcos históricos – com a trajetória da agricultura urbana (AU) no Brasil; uma biblioteca pública nacional da agricultura urbana que será disponibilizada virtualmente; e um mapeamento de grupos de pesquisa de instituições nacionais que trabalham com o tema.  

“As agriculturas em territórios metropolitanos ainda são muito invisibilizadas. A organização desses materiais é importante para a construção de conhecimentos que possam fomentar novos debates e apoiar a incidência em políticas públicas ligadas à AU”, afirma Lorena Portela integrante da coordenação do projeto.

Compondo também a primeira etapa da pesquisa, foi realizada uma aproximação das discussões internacionais sobre agricultura urbana, com ênfase no contexto latinoamericano. A visão e atuação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) foi aprofundada em uma entrevista com o assessor técnico Guido Santini, que destacou a relevância de se pensar a agricultura nas áreas urbanas e periurbanas para a saúde, para a segurança alimentar e nutricional, para a geração de emprego e renda, bem como para o meio ambiente e a resiliência das cidades.

“Em muitas cidades, diferentes formas de agricultura, como hortas comunitárias, podem ter um papel importante na criação de solidariedade e coesão entre populações urbanas. (…) A agricultura urbana pode ser um impulsionador importante para criar ferramentas educacionais para uma cultura de dietas saudáveis, respeito pela agricultura, entendimento da importância da produção de alimentos, especialmente em conjunto com as escolas, com hortas escolares, por exemplo”, frisou o assessor à época, também ponderando as dimensões educacionais e de inclusão social que podem ser promovidas por meio da agricultura urbana.

A matéria completa, produzida em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fiocruz, pode ser conferida no site da ENSP.

Marcando a segunda etapa do projeto, de aprofundamento territorial, foi realizado um encontro de planejamento com a equipe da iniciativa e representantes de organizações sociais e mandatos parlamentares que são referência nacional para o fortalecimento da agricultura urbana agroecológica, em maio de 2022, no Rio de Janeiro. Desde então, foram realizadas diversas atividades envolvendo os territórios, culminando na produção de Rios do Tempo locais e na análise de mapeamentos sobre as agriculturas das cidades participantes. 

O lançamento de uma publicação condensando os avanços da pesquisa está previsto para acontecer em novembro deste ano, durante o XII Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA).“A expectativa é de que a publicação e os demais materiais produzidos coletivamente nas etapas nacional e de articulação territorial possam ser apropriados pelas redes, organizações e experiências e contribuam para revigorar as agriculturas que acontecem nos centros urbanos, em sua diversidade de expressões, práticas e povos envolvidos”  finaliza Douglas Lopes, também da coordenação do projeto. 

O projeto é viabilizado por meio de emenda dos, à época, parlamentares: Deputada Federal Taliria Petrone (PSOL/RJ); Deputado Federal Marcelo Freixo (PSOL/RJ), Deputado Estadual Flávio Serafini (PSOL/RJ), vereador Marquito (PSOL/SC) e Deputada Federal Áurea Carolina (PSOL/MG).

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