Por Élida Galvão
Por Territórios Livres e Soberania Popular na Amazônia! A partir deste lema, dezenas de agricultores, agroextrativistas, pescadores, ribeirinhos, indígenas, quilombolas e militantes dos movimentos sociais estarão reunidos durante a realização do IV Encontro Regional de Agroecologia (ERA), a ocorrer no período de 05 a 09 de novembro, no Pará.
Resultando na extensão do IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), realizado no início de junho pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), em Belo Horizonte (MG), o ERA tem o objetivo de dialogar com a população sobre a importância da agroecologia enquanto movimento de luta em defesa do território, dos bens comuns, da segurança alimentar e nutricional, e do fortalecimento dos direitos de povos e comunidades tradicionais da Amazônia, sejam eles do campo ou da cidade.
O encontro regional na Amazônia propõe destacar o protagonismo das mulheres, das juventudes, dos idosos, dos povos das florestas, das águas, dos campos, das cidades e o papel destes sujeitos no acesso democrático às políticas públicas e na defesa do bem viver. Para isso, a ação se estrutura em momentos de diálogos e na troca de conhecimentos a partir de visitas a diversas experiências agroecológicas localizadas na região metropolitana de Belém e na região do Baixo Tocantins.
A partir de sua Carta Convocatória, o IV ERA Amazônia reunirá cerca de 260 pessoas de diversos estados que compõem a Amazônia Legal, entre eles: Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá e Maranhão, que estarão envolvidas no fortalecimento da agroecologia enquanto alternativa para uma sociedade ambiental, cultural, econômica e socialmente justa.
Agroecologia e resistência
Além de mobilizar as populações do campo e da cidade, o encontro visa fortalecer redes de articulações em contraposição ao avanço do capital globalizado e todos os tipos de violência por ele provocadas. O fortalecimento das redes de articulação em defesa da agroecologia e do Bem Viver é de fundamental importância para o firmamento de estratégias de resistência coletiva às ameaças na Amazônia.
“Queremos alinhar ideias, se conhecer, trocar experiências, construir consensos, fazer articulações mais fortes e fortalecer lutas. A partir do lema do encontro, queremos debater a agroecologia praticada na Amazônia e denunciar os diversos problemas que estamos passando. Nós temos alternativas que estão sendo construídas por diversas comunidades do campo, da floresta, pelos ribeirinhos, indígenas, quilombolas e durante os quatro dias de encontro, vamos fazer um debate amplo com intercâmbios de ideias e experiências”, considera Fábio Pacheco, integrante da Associação Agroecológica Tijupá, no Maranhão, e também da ANA.
Ameaçada pelo avanço do agronegócio, pela mineração, por projetos de infraestrutura que destroem o meio ambiente, desterritorializam comunidades, exploram os bens comuns, a Amazônia se insere em um contexto sociopolítico de intensos conflitos e disputas que geram grandes impactos à biodiversidade e aos modos de vida das populações tradicionais. No entanto, para Letícia Tura, diretora nacional da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) e integrante da ANA, é possível pensar em uma sociedade onde o ser humano e a defesa do meio ambiente estejam no centro das preocupações.
“Nós temos que tornar nossas lutas visíveis também para a cidade. Com isso, a gente tem pautado muito o debate da segurança alimentar, do combate ao uso dos agrotóxicos, da importância da juventude nesse processo, a defesa da garantia dos direitos das mulheres, que cada vez mais tem uma participação maior dentro da agroecologia, e também a defesa das políticas públicas. A agroecologia não é apenas uma questão técnica, mas é antes de tudo uma proposta de sociedade”, diz Letícia.
Programação
Pelo menos quatro rotas estão programadas para a troca de experiências. Além disso, o encontro prevê uma série de atividades, como a feira de sabores e saberes, apresentações culturais, mostra de cinema e debates públicos com momentos internos de aprofundamento de temas mobilizadores, em diálogo com organizações parceiras.