Além da feira, os participantes participaram de plenárias e vivências em experiências agroecológicas bem sucedidas na grande BH

 

Por Karoline Borges

Começou neste sábado, 2 de junho, a Feira de Sabores e Saberes, parte da programação do IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA). Milhares de pessoas, de BH e participantes do evento, tiveram acesso à produção agroecológica de todos os cantos do Brasil, sem agrotóxico e a preço popular, além de manifestações artísticas e culturais gratuitas. A feira continua no domingo, 3 de junho, entre 9h e 13h.

Para Maira Santiago, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e uma das organizadoras da feira, essa é uma grande chance de aproximação entre consumidor e produtor. “São mais de 80 produtores expondo desde hortaliças e frutas à sementes, alimentos processados, artesanatos produtos regionais e típicos de comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhas. A feira mostra a diversidade que a agroecologia representa”. Ao todo, cem barracas estão distribuídas em quatro setores do Parque Municipal, organizadas de acordo com os biomas nos quais as famílias produtoras se localizam.

A produtora cultural, Amanda Rosiere, aproveitou a chance de comprar direto do produtor, sem intermediários. “Eu já frequento feiras agroecológicas e orgânicas aqui em Belo Horizonte e vim para conhecer produtos de outros lugares do país. Depois que tive filho, passei a me preocupar mais com a origem do alimento que ingerimos e a feira é uma ótima oportunidade para consumir com consciência e ter a garantia da procedência do que colocamos na mesa.”, comenta.

Por outro lado, Jussara Nunes, agricultora do assentamento Denis Gonçalves, em Juiz de Fora (MG), ressaltou a importância dessa feira para o fortalecimento da cultura feminista. Para ela, mulheres na frente da organização contribuem massivamente para uma nova visão social. Além disso, ela agradece a oportunidade de participar da feira. “É sempre bom e gratificante mostrar que ser Sem Terra não é só fazer uma ocupação, é também pensar no verde e no agroecológico para um mundo melhor.”

Vinicius Diniz, produtor de Florestal (MG), ressalta a importância da popularização da agroecologia. “A principal importância da Feira é propagar a maneira de consumir produtos naturais de forma sustentável e mitigar os impactos ambientais gerados pela produção.”, comemora.

Para os povos tradicionais indígenas esse tipo de difusão de saberes tem ainda mais importância, já que podem fortalecer a resistência pela aplicação de políticas públicas que reconhecem as plantas medicinais. Edna Marajoara, faz parte do Povo Juayana da Ilha de Marajó (PA) falou sobre a luta que as Pajés Marajoaras travam para terem seus saberes reconhecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Elas comercializavam os produtos da linha ‘Flora do Marajó’. Criada com o apoio da Universidade Federal do Pará, os produtos são compostos por de 10 a 12 plantas medicinais.

Edição: Luciana Rios