Encontro Regional de Agroecologia aconteceu em Belo Horizonte junto com Festival de Arte e Cultura do Movimento dos sem Terra.
Por Florence Poznanski – FNDC
Após um dia de vivências e descoberta de mais de uma dezena de experiências de agroecologia na região metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 150 agricultoras, agricultores e militantes por uma produção de alimentos sustentáveis e saudáveis vindos dos estados do Sudeste, reuniram-se no sábado, 7 de outubro, no Centro de Referencia da Juventude (CRJ) para celebrar a abertura do ERÊ, encontro regional de agroecologia do Sudeste, realizado pela Articulação Mineira de Agroecologia (AMA).
O nome do encontro não foi escolhido por acaso. Erê é uma orixá que representa a criança, a construção do futuro e a efervescência do instante vivido. Essa ligação com a essência da vida e as culturas ancestrais é muito presente na vivência da agroecologia e foi lembrada na mística de abertura.
No ritmos dos tambores e dos cantos do terreiro de umbanda, Pai Ricardo de Moura, do centro Jacob do Oriente, espalhou flores, sementes e soprou a “pemba de oxalá” para dar as boas vindas aos participantes e convida-los a cuidar desse espaço em construção.
O Erê reuniu participantes do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e é o primeiro de cinco outros encontros regionais preparatórios ao Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), que acontecerá em junho 2018, em Belo Horizonte. Flávia Londres, secretaria executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), explica que o ENA não é só um evento mas um processo de construção e diálogo. “Na verdade, o ENA já começou”, acrescenta.
Ao contar a história dos 15 anos de construção da ANA, que começou em 2002 com o primeiro encontro da Articulação, Flávia Londres aponta que a principal meta da rede para 2018 é o fortalecimento das convergências com os setores mais variados da sociedade, como o setor urbano, as juventudes, os movimentos sindical e cultural, além da defesa da democracia e manutenção dos direitos conquistados.
O fortalecimento das alianças entre todos os movimentos que lutam pela preservação dos serviços públicos, da igualdade social e os direitos humanos é também uma prioridade para Beatriz Cerqueira, da articulação mineira Quem Luta Educa e presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Minas, convidada para compor a mesa de abertura. “Os retrocessos que estamos vivendo não são mais conjunturais, é um processo estrutural, uma mudança no Estado brasileiro que vai atingir toda sociedade de maneira duradoura”, alerta a dirigente sindical. Nesse sentido, “só a ação conjunta dos movimentos contra a criminalização das nossas pautas e a desumanização das relações sociais, nos permitirá sair dessa impasse”, acredita Cerqueira.
Ao acontecer em sintonia com o Festival de Arte e Cultura do Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras sem Terra (MST), o Erê já experimenta na prática essa busca por convergência de luta. Bruno Rodrigo Silva Diogo representou o Movimento e apresentou o evento que uniu feira de produtos agroecológicos e apresentações culturais e acontece de sexta a domingo na Serraria Souza Pinto, no complexo de espaços públicos que circundam a Praça da Estação.
“Entendemos que a relação entre luta, alimento e cultura deve ser estreitada para reavivar a resistência do povo no contexto de opressão que vivemos”. Por isso o lema do festival é : alimentar e luta e cultivar a arte. “Também não podemos esquecer que se alimentar é um ato político forte”, acrescenta.
Com isso a plenária começou a recitar o poema popular :
“Se o campo e a cidade plantar, todo o mundo vai almoçar
Se o campo e a cidade roçar, todo o mundo vai jantar
Se o campo e a cidade se unir, a fome não vai existir”
Os dois eventos aconteceram de quinta a domingo com várias apresentações culturais. Acompanhe a programação :
De 6 à 8, o Encontro Regional de Agroecologia, no CRJ
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De 6 à 8, na Serraria Souza Pinto, o Festival de Arte e Cultura da Reforma Agrária
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