Da Página do MST,
Na tarde dessa sexta-feira (10), em São Paulo, a Cooperativa dos Trabalhadores dos Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap) e a Prefeitura de São Paulo assinaram um acordo que prevê a comercialização do arroz orgânico Terra Livre. Mil toneladas do alimento serão usadas para na alimentação escolar preparada nas escolas públicas da região metropolitana.
De acordo com Erika Fisher, do Departamento de Alimentação Escolar da Prefeitura, com o contrato uma grande barreira foi vencida no trato alimentar das crianças. “A lei 11.947/2009 determina que 30% do valor do repasse do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) seja direcionado para a compra de produtos da agricultura familiar. São Paulo não cumpria a essa definição, pois existia a dificuldade em saber onde estava a agricultura familiar e de que maneira ela iria suprir a quantidade necessária prevista para todas as escolas. Isso, além de todos os entraves jurídicos que sempre surgiam pelo caminho. Diante de tudo isso, conseguir vencer esses obstáculos e, hoje, poder oferecer alimentação de qualidade para as nossas crianças é uma grande vitória”, afirmou.
Para Nelson Krupinski, da coordenação da Cootap, o contrato de distribuição efetiva reforça também a identidade da família camponesa sem terra. “Ao garantir a comercialização dos nossos produtos, garantimos também o reconhecimento da nossa luta cotidiana. As crianças da educação pública serão alimentadas pelo trabalho de todos aqueles que vivem da terra. Muitas acreditam que o alimento orgânico é para poucos, mas a assinatura desse contrato mostra o contrário, que pessoas de escolas públicas, muitas em vulnerabilidade social também podem se alimentar com produtos de qualidade, salientou.
Agroecologia e a produção de alimentos saudáveis e de qualidade Ana Estela Haddad, primeira dama da cidade de São Paulo e coordenadora do Programa São Paulo Carinhosa, ressaltou a importância de oferecer alimentos de qualidade nas mais de 2 milhões de refeições que são servidas diariamente na capital. Segundo Ana, “estabelecer hábitos saudáveis na primeira infância é fundamental para garantir adultos saudáveis. Poder oferecer isso as nossas crianças por meio da agricultura familiar é duplamente gratificante.”
O Secretário Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Artur Henrique, citou a decisão política do Estado ao priorizar um modelo de desenvolvimento que use a agricultura familiar e faça a transição agroecológica uma realidade. Para ele, esse “é um dos grandes trunfos da atual prefeitura da cidade São Paulo”. Já Cesar Callegari, secretário municipal de educação, comentou sobre a existência dos entraves na comercialização dos produtos que priorizem a agricultura familiar, que provêm do conservadorismo e do jogo de interesses que ainda rondam as esferas públicas do país.
“É muito importante que nessa assinatura possamos rememorar os obstáculos que tivemos que vencer para chegar até aqui. É uma relação virtuosa entre os agricultores, camponeses e o município de São Paulo, todos em prol de um bem comum”, finalizou. Para essa quarta-feira (15), está previsto a assinatura de um novo contrato, que, desta vez, levará o feijão das cooperativas do MST diretamente para as escolas públicas da capital.