A Rede Cerrado, em parceria com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e a Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado (Mopic), realiza o seu Encontro Regional – Etapa Indígena, na Chácara do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em Luziânia (GO), nos dias 28 e 29 de setembro. Com o objetivo geral de debater acerca das questões referentes às Terras Indígenas (TIs), bem como construir uma pauta de luta integrada com as populações tradicionais, o evento mobilizará cerca de 150 representantes indígenas, de pequenos agricultores e agroextrativistas, além de organizações da sociedade civil.
Também foram convidados para participar do encontro autoridades do governo, como a presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o secretário de Biodiversidade e Floresta do Ministério do Meio Ambiente, o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, entre outros.
Além de ser uma excelente oportunidade para a troca de experiências e articulação de pautas de diferentes grupos sociais, a iniciativa propõe qualificar as entidades para atuação nos espaços de incidência política, mapear os conflitos socioambientais com foco indígena, identificar mecanismos e ações para promover a segurança dos povos ameaçados.
A Rede Cerrado promoverá o total de cinco Encontros Regionais, englobando todos os estados de incidência do bioma – Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rondônia, São Paulo, Tocantins e do Distrito Federal. Os dois primeiros já aconteceram em julho e foram realizados com os encontros dos Povos do Grande Sertão Veredas e o de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. Este terceiro ocorre em Luziânia (GO) e, em novembro, haverá uma edição em Campo Grande-MS e em Augustinópolis-TO.
Altair de Souza, coordenador geral da Rede Cerrado, lembra que os eventos acontecem após um momento importante, em que milhares de pessoas foram às ruas cobrar mais comprometimento por parte dos poderes executivo e legislativo na construção de políticas públicas eficientes. “Diante dos novos movimentos que surgem em todo o país, queremos estimular a população a se envolver cada vez mais com as discussões referentes à proteção do bioma, dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, cumprindo o dever de identificar gargalos e propor soluções, sem deixar de exigir seus direitos”, afirma.
Esta ação faz parte do das atividades do Circuito Ecocultural Cerrado: Berço das Águas, iniciativa que visa construir estratégias para dar visibilidade da importância do Cerrado para a questão hídrica no Brasil e articular ações culturais e ambientais no bioma. Saiba mais (www.cerradobercodasaguas.com.br).
O apoio do evento é do Ministério do Meio Ambiente, por meio do programa GEF-Cerrado, e do Funbio.
O Cerrado e seus povos e comunidades tradicionais
O Cerrado é considerado o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando originalmente uma área de 2,036 milhões de quilômetros ou ¼ do território nacional. Porém, mais de 55% do Cerrado já foi desmatado ou descaracterizado, o que dá o título de ser um dos biomas mais ameaçados do planeta. É considerado um dos hotspot mundiais da biodiversidade (área prioritária para a conservação do planeta) e é conhecido como “berço das águas” ou “caixa das águas” por abrigar várias nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras.
O bioma engloba os estados de Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rondônia, São Paulo, Tocantins e porções de Roraima, Amapá, Amazonas e Pará, além do Distrito Federal -, abriga milhões de povos e comunidades tradicionais e ampara uma rica diversidade cultural, que assim como o ecossistema, as culturas associadas estão esquecidas e ameaçadas de extinção.
Povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares são importantes aliados na conservação do Cerrado e têm um papel extremamente relevante na manutenção do da manutenção biodiversidade, dos ciclos hidrológicos e dos estoques de carbono.
Rede Cerrado
A Rede Cerrado foi fundada no mesmo ano da Cúpula da Terra, a Rio 92, quando 172 chefes de estado se reuniram no Rio de Janeiro para discutir formas de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação dos ecossistemas. Impulsionadas por isso, organizações da sociedade civil de base comunitária, que atuam pela conservação do Cerrado, perceberam a oportunidade de se criar um coletivo que, antes de tudo, conseguisse garantir voz aos povos e comunidades tradicionais, promovendo justiça social e sustentabilidade ambiental.
Hoje a Rede é composta por um braço jurídico que conta com 50 entidades filiadas e congrega cerca de 500 organizações da sociedade civil de base comunitária, representando trabalhadores e trabalhadoras rurais, extrativistas, indígenas, quilombolas, geraizeiros, quebradeiras de coco, pescadores artesanais, entre outros povos e culturas tradicionais. A diversidade de atores comprometidos e atuantes no campo político da Rede Cerrado é grande e, sem dúvida, seu maior patrimônio.
Serviço
O que: Encontro Regional da Rede Cerrado – Etapa Indígena
Quando: 28 a 29 de setembro de 2013
Onde: Chácara do Conselho Indígena Missionário (Cimi) – Rua Uberlândia, quadra 11, lote 21, Chácara Marajoara A, Jardim Ingá – Luziânia (GO)
Mais informações:
Letícia Campos – assessora de comunicação da Rede Cerrado
(61) 3327-1081/9949-6926