Por Marcelo Oliveira Almeida – Coletiva de Comunicação da Articulação Nacional de Agroecologia – ANA
A ideia para fazer este livro veio da percepção coletiva de diversas pessoas do movimento agroecológico sobre a importância em discutir e qualificar a comunicação desenvolvida no contexto da agroecologia. Ao longo dos últimos anos, comunicadoras e comunicadores da agroecologia têm avançado no entendimento do caráter popular das práticas comunicativas, da sua conexão com diferentes culturas e da necessidade em não se perder de vista a perspectiva da comunicação enquanto um direito. Esse documento foi construído a partir dos debates realizados por essas/es comunicadoras/es, principalmente nos âmbitos do Coletivo de Comunicação e Cultura da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e dos movimentos e organizações sociais que atuam na promoção da agroecologia na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
No que diz respeito à sua estrutura, o livro está dividido em três partes:
- breve reflexão sobre o direito à comunicação e por que interessa à sociedade e ao movimento agroecológico discutir e dar centralidade à temática;
- sete diretrizes para inspirar e orientar a realização das práticas de comunicação relacionadas à agroecologia; e
- algumas iniciativas que nos mostram como é possível construir novos paradigmas para uma comunicação e sistemas alimentares mais justos e democráticos.
A nossa intenção é que esse documento auxilie as organizações do movimento agroecológico a definirem ou aprimorarem suas estratégias de comunicação. Nesse sentido, imaginamos que ele possa ser utilizado tanto por quem já está inserido nas ações de agroecologia (mas não tem se dedicado a discutir a comunicação), como por quem possui habilidade técnica e desenvolve ferramentas de comunicação (mas não tem muito conhecimento sobre a agroecologia).
É bem possível que para muitas/os comunicadoras/es que já estão inseridas/os em processos comunicativos essas diretrizes não representem muita novidade. Esperamos que, nesses casos, nosso exercício sirva como inspiração para as práticas que já realizam e, também, como um convite para seguirmos juntas/os no fortalecimento da comunicação agroecológica.
No nosso entendimento, qualquer aspecto relacionado à consolidação da agroecologia em um território traz seus próprios desafios. Por isso, ressaltamos que para acionar o potencial transformador da comunicação é necessário um olhar atento e específico sobre essa temática. As propostas aqui apresentadas com certeza não são as únicas, não são exclusivas da comunicação da agroecologia e evoluirão à medida que forem interpretadas e adaptadas. Entretanto, desejamos que consigam, desde já, contribuir com os importantes processos de comunicação e de construção da agroecologia que estão em curso.