Nos dias 06 e 07 cerca de 260 participantes do IV Encontro Regional de Agroecologia da Amazônia (ERAA) partiram de Belém em caravanas, traçando cinco rotas para conhecer experiências agroecológicas desenvolvidas em nove comunidades de sete municípios do estado.
Para Luciana Damaceno, bióloga e professora no Tocantins, as caravanas são um momento de adquirir conhecimentos para difundi-los depois na escola e para a comunidade de Porto Nacional. Levar o conhecimento adquirido nas visitas também é interesse do indígena Irá Capó, do Maranhão. “O que vejo aqui vou passar para a minha comunidade. Vou explicar para o cacique e vamos reunir com os outros para eu contar o que vi aqui”. Ambos percorreram a rota “Sem reforma agrária, não há agroecologia”, que visitou os assentamentos Mártires de Abril e Abril Vermelho, que retratam a luta pela terra e se configurou a primeira experiência de produção agroecológica em assentamento do estado.
Nosso território, nossas regras! foi a rota que incluiu o Quilombo Laranjituba e África e a Comunidade Agroextrativista do Pirocaba. Os Quilombos de Laranjituba e Africa surgiram a partir de inúmeras revoltas contra a escravidão colonial e seu povo carrega ao longo de sua história a força e a coragem de lutar pela liberdade e por justiça social. De acordo com Evaristo Moraes de Oliveira, conhecido por todos como Vavá, seu povo possui uma capacidade ancestral de resistir e de se adaptar. Questionado se sua comunidade faz agroecologia, ele reponde com uma risada característica: ”nós só fizemos agroecologia, dos nossos ancestrais aos dias de hoje”. Em Pirocaba, a história de lutas e resistência também não é diferente. Ao descobrirem que corriam o risco de perder seu território para o grande capital, buscaram na informação e na organização a forca para impedir o avanço das multinacionais na região. Para Daniela, moradora de Pirocaba, “o nosso lugar e o que produzimos aqui são o mais importante, porque não negociamos pessoas”.
Ônibus, barca e barcos foram transportes utilizados por quem escolheu conhecer as comunidades da ilha de Trambioca, na rota Esse rio é minha rua! Os/as moradores da ilha, em sua maioria pescadores, agricultores e extrativistas, falaram dos impactos dos grandes projetos instalados na região, especialmente do setor minero metalúrgico. “Quando uma bacia de rejeito de uma empresa dessas desagua nos rios que ficam no entorno da ilha, contamina a água que a gente usa, prejudica a agricultura, as plantas, a pesca e a saúde dos moradores”, explica João Batista Cardoso Viana, da comunidade do Arapajó.
Agroecologia e educação do campo foi a rota que levou ao Assentamento João Batista II, onde foi possível conhecer a experiência do Sistema Agroecológico de Produção Orgânica (SAPO) e o de educação do campo. Seu Sabá, liderança comunitária e uns dos que ajudaram a constituir o assentamento, relaciona o Sistema ao comportamento do animal. “O SAPO, assim como o animal, não anda para trás e nem abaixa a cabeça, sempre caminha para frente e visa o futuro“.
O Quilombo do Abacatal e o Iacitá Ponto de Cultura foram as localidades visitadas na rota Agricultura urbana, unindo campo e cidade. Nessas localidades, a luta não se encerrou com a conquista do território. Hoje em dia, o território enfrenta a possibilidade de construção de um Linhão de Transmissão nas proximidades do quilombo.
Por Coletivo de Comunicação do IV ERAA:
Aldimar Souza
José Barbosa
Micele Silva
Raphael Castro
Renata Garcia
Viviane Brochardt