Por Catarina de Angola e colaboração de Laudenice Oliveira
O IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA) se encerrou neste domingo, 03, com ato e passeata no centro de Belo Horizonte (MG). Foram cerca de 10 mil pessoas ocupando as ruas da capital mineira em defesa da democracia, da agroecologia, contra os retrocessos e perdas de direitos que acometem o país desde o impedimento da presidenta Dilma Rousseff. O ato foi unificado do 11º Congresso do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sindiuti/MG), do IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA) e do Quem Luta Educa.
A ação reuniu cerca de 10 mil pessoas entre camponeses/as, trabalhadores/as da educação, quilombolas, indígenas, pescadores/as, dentre outros que saíram em passeata da Praça da Liberdade até o Parque Municipal de Belo Horizonte. No parque, um banquete agroecológico feito com produtos da agricultura familiar foi servido aos/as participantes. A população local também foi convidada a participante do banquete.
A presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Beatriz Cerqueira, disse que o movimento da educação quer dialogar com a população. “Queremos conversar com a população que nos escuta agora, para que saiba porque estamos na rua. Aqui tem gente do país inteiro e estamos na luta para defender nossos direitos e porque queremos uma sociedade e um outro Brasil diferente do que está aí”, afirma Beatriz. Ela ressalta que o governo que está aí, é ilegítimo e tem retirado direitos da classe trabalhadora. “Nós da educação denunciamos esse governo golpista que aprovou, ainda em 2016, a PEC 241 que congela por 20 anos os recursos para educação, para geração de emprego e para a reforma agrária. Eles querem parar o Brasil”, denuncia Beatriz.
Alexandre Henrique Pires, da coordenação executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), destaca a luta dos povos do campo, das florestas e das águas pela garantia de direitos e contra o agronegócio que mata e explora. “Estamos aqui no IV ENA na luta contra o golpe e contra o agronegócio. Contra a bancada ruralista que destrói as políticas públicas já conquistadas pela classe trabalhadora. E nesse movimento, também estamos juntos com os trabalhadores e as trabalhadoras da educação”, ressalta ele.
A agricultora da secretaria de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Mazé Morais, falou da importância do IV ENA para a luta dos diversos povos do Brasil. “No nosso IV ENA estamos fazendo a construção e a resistência dos povos do campo, das florestas e das águas na defesa dos bens comuns, da nossa água e da nossa alimentação. Precisamos produzir alimentos saudáveis e sustentáveis. Estamos na construção de uma grande ação de massa protagonizada pelas mulheres trabalhadoras rurais, que é a Marcha das Margaridas que vai ser coroada em agosto de 2019. Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!”, disse Mazé.
Mulheres pela Agroecologia – Beth, do GT de mulheres da ANA, destaca o papel das mulheres na construção da agroecologia. “Estamos construindo estratégias para um Brasil com agroecologia, com alimentos mais saudáveis. Um dos maiores bloqueios para o crescimento da agroecologia é o machismo, porque as mulheres são a maioria que estão construindo agroecologia no campo, mas para conseguir esse reconhecimento tem que lutar e muito, tem que lutar uma vida inteira. O machismo é o veneno da vida das mulheres. Cada mulher que tá aqui sabe a luta que é para conseguir fortalecer seu protagonismo na agroecologia”. Beth denuncia a retirada da presidenta Dilma da presidência. “Tiraram a Dilma sem irregularidade do seu mandato. isso foi mais uma prova de que nosso maior inimigo é o machismo. Esse governo golpista não tem compromisso nem com a agroecologia nem com as mulheres”, denuncia Beth.
Machismo de braços dados com o preconceito. Ele é histórico e milenar. Se buscarmos á luz do Cristianismo vamos encontrar mulheres vitimadas pelo machismo. Contudo, á luz da história, também encontraremos e continuaremos produzindo mulheres capazes de confrontar e enfrentar toda e qualquer forma de preconceito e para além de tudo isso, capazes de serem protagonistas e esteio na luta por igualde, respeito e reconhecimento aos valores inatos ao ser humano, independente de gênero. Mulheres símbolo de Resistência. A minha admiração e gratidão por estas guerreiras.