A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), formada por organizações da sociedade civil e movimentos sociais com longa trajetória de lutas pela Democracia, repudia com veemência as investidas golpistas contra o governo democraticamente eleito da Presidenta Dilma Rousseff. O processo de impeachment em curso no Congresso Nacional é capitaneado por parlamentares de parte da oposição em aliança com personagens do poder judiciário que não aceitam a derrota nas urnas e atuam como porta-vozes de grandes corporações do setor financeiro industrial, comercial e midiático. Trata-se, antes de tudo, de um golpe dos patrões contra os direitos arduamente conquistados pelas lutas da classe trabalhadora brasileira. Esta ofensiva reacionária tem alimentado uma cultura de ódio capaz até mesmo de se valer sistematicamente de discursos sexistas na tentativa de desqualificar a Presidenta Dilma.
Seria cômico se não fosse trágico que Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, acusado por vários crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, réu em processo que tramita no STF, acompanhado por 37 deputados integrantes da comissão especial do impeachment também acusados dos mais variados crimes julguem a Presidenta Dilma, sobre a qual não pesa nenhuma acusação de crime de responsabilidade. Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe!!!
Essa manobra política ilegítima ameaça a nossa jovem democracia, fere a Constituição Brasileira e desrespeita o voto de mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras que elegeram a Presidenta Dilma Rousseff.
Temos manifestado nossas críticas ao governo Dilma pelo fato dele ter se distanciado de propostas cruciais anunciadas na campanha eleitoral. Além de não avançar em inadiáveis reformas estruturais, como a agrária e a urbana, colocou em prática uma política econômica que garante fartos recursos para o capital financeiro em detrimento de políticas garantidoras de direitos, como os programas de convivência com o semiárido, a política de assistência técnica e extensão rural e o programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar, para citar alguns exemplos.
Em que pesem essas críticas, reconhecemos que os governos Lula e Dilma implementaram políticas direcionadas às parcelas mais empobrecidas da população, historicamente excluídas das ações do Estado brasileiro. Destacamos a criação, no governo Dilma, da Politica Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica como fruto de um amplo processo de debate democrático com a sociedade civil, que foi capaz de formular propostas voltadas à promoção da segurança alimentar e nutricional como, por exemplo, o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos. Para levar a frente a agenda da agroecologia como parte de uma estratégia de democratização e sustentabilidade da sociedade brasileira, nos posicionamos e nos mobilizamos no segundo turno das eleições presidenciais, em 2014, em defesa da candidatura de Dilma.
Lutaremos para que o criminoso processo de impeachment seja derrotado.Daremos nossa contribuição para, mais uma vez, demonstrar que as forças democráticas da sociedade brasileira estão vivas e que sabem de que lado se posicionar nesse momento crítico da história nacional.
Exigimos respeito pelo voto popular!
Em Defesa da Democracia! Pela Agroecologia!
Não vai ter Golpe! Vai ter Luta!