Livro produzido por meio da parceria em o Grupo de Trabalho Mulheres da GT-ANA com a Action Aid.
Apresentação de Ana Paula Lopes Ferreira e Vanessa Schottz
A troca de experiências entre agricultores não é uma prática recente. Essa troca de conhecimento sempre se deu em espaços públicos, tal como nas feiras de comercialização. Porém, atualmente, esse processo vem sendo apoiado por organizações de assessorias que entendem que o conhecimento dos agricultores deve ser valorizado e expandido. O incentivo à sistematização e reflexão sobre experiências, bem como a promoção de eventos de intercâmbio entre agricultores(as) e técnicos(as) e de trocas de experiência têm sido importantes instrumentos de fortalecimento da agroecologia e dos(as) agricultores(as).
Muitos esforços vêm sendo empregados para identificar e sistematizar as experiências agroecológicas, contudo, percebe-se que as experiências sistematizadas são em sua grande maioria protagonizadas por homens, ou, ainda, são experiências que contam com importante trabalho das mulheres, que não são visibilizadas e, tampouco, valorizadas.
Em geral, as sistematizações destacam o papel da família, sem problematizar as relações de poder e os papéis desenvolvidos pelos diversos membros, contribuindo para tornar ainda mais invisível o trabalho das mulheres na construção da agroecologia, seja na esfera produtiva ou na reprodutiva. Temas como a divisão
sexual do trabalho, o planejamento produtivo, a autonomia política e econômica das mulheres acabam por não serem abordados nas sistematizações.