capa mesa aberturaLivros, cartilhas e filme foram lançados durante o Seminário Nacional da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA)

Novas cinco produções que registram e fortalecem a agroecologia no país foram lançadas durante o Seminário Nacional da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). O lançamento deu visibilidade às práticas e causas de organizações e redes que compõem a Articulação. Os livros, cartilha, filme e calendário dialogam e incidem diretamente na construção do conhecimento agroecológico. O Seminário, que começou quarta-feira (25), segue até esta sexta-feira (27/02), quando ocorrerá o debate sobre o II Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (II PLANAPO), a ser lançado em 2016.

 

Memória do III ENA

A primeira publicação lançada foi o “Anais do III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA)”. Irene Cardoso, presidenta da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), ressaltou que o livro “representa um importante esforço, porque permite informar como foi o evento, com muita riqueza, para aqueles que não participaram do ENA”. “Eu mesma já usei em minhas aulas com estudantes e em pesquisas. Esse é um material para socializarmos que fica para história”, reforçando o cuidado para que o processo metodológico e os diversos saberes e práticas construídos e aglutinados em torno do III ENA fossem disponibilizados.

O documento traz registros das plenárias, de um seminário internacional realizado durante o III ENA e das 14 instalações sobre os territórios onde ocorreram as Caravanas Agroecológicas e Culturais preparatórias para o Encontro Nacional. Os Anais ainda reúne relatos sobre as oficinas autogestionadas, atos públicos, sínteses gráficas, dentre outras informações sobre o evento, que ocorreu em Juazeiro, na Bahia, e reuniu cerca de 2 mil pessoas.

Combate aos agrotóxicos
 
pronara finalA Cartilha “PRONARA Já” foi o segundo documento lançado no Seminário. O material aborda os seis eixos que estruturam o Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos (PRONARA), e busca ampliar o conhecimento e o debate público sobre o tema. Como estratégia, traz sínteses gráficas para ilustrar, de maneira simplificada e dinâmica, as propostas do Programa.

“O PRONARA não tem tudo o que a gente queria, a exemplo da questão da proibição da pulverização aérea [de venenos], que ficou de fora. Mas se implementado já será um avanço para o banimento dos agrotóxicos no Brasil”, reforçou Flávia Londres, da Secretaria Executiva da ANA. Aprovado em agosto de 2014, ela lembrou que o governo federal ainda não deu nenhuma sinalização sobre a execução do Programa. “Esse é um programa importantíssimo e que foi engavetado”, avalia. Diante disso, reforçou a urgência na pressão social para que o PRONARA saia do papel.

A cartilha é fruto da atuação conjunta da ANA, ABA, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), do Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional (FBSSAN), da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

Impactos dos agrotóxicos na saúde
 
dossie abrascoEm caráter de pré-lançamento, Fernando Carneiro, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), participou trazendo, em primeira mão, informações sobre o “Dossiê ABRASCO: Um Alerta Sobre os Impactos dos Agrotóxicos na Saúde”. A novidade dessa publicação será o capítulo intitulado “A crise do paradigma do agronegócio e as lutas pela agroecologia”. Trata-se de mais um exemplo daquilo que Fernando aponta como resultado da parceria da saúde coletiva com a agroecologia.

“Aprendemos muito com o movimento agroecológico e incorporamos esses múltiplos aprendizados nas nossas práticas. Um dos exemplos foi a própria facilitação gráfica incorporada não só na publicação desse Dossiê, mas no Simpósio de Saúde e Ambiente que a ABRASCO realizou no ano passado”, disse Fernando.
 
A publicação, com mais de 600 páginas, é uma co-edição da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, e da editora Expressão Popular. O lançamento nacional do Dossiê está previsto para abril, mês em que a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos completa quatro anos de luta.

Agroecologia, territórios e políticas públicas
 
me editOutra lançamento foi o do “Caderno Pedagógico – Agroecologia, Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas”, coordenado pela FASE em parceria com a ANA. A publicação reúne experiências de um processo de articulação de organizações, redes e movimentos sociais na promoção da agroecologia em territórios do bioma Mata Atlântica.

Nascido dos resultados de um projeto apresentado, por meio de Chamada Pública, ao Ministério do Meio Ambiente, o Caderno traz informações sobre como se amplia a agroecologia nos territórios Serra Catarinense e Mata Sul de Pernambuco. Maria Emília Pacheco, da FASE, explicou que “a publicação expressa a decisão política da ANA pela abordagem territorial, que vem sendo construída através das diversas experiências agroecológicas e suas várias dimensões, numa disputa clara com o agronegócio”.

Além disso, o Caderno aborda temas como: a comercialização de alimentos sob a ótima da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional; políticas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER); Sistemas Agroflorestais e legislação ambiental; dentre outros.

“Curta Agrecologia”

A ANA lançou mais um documentário da série “Curta Agrecologia”, que já reúne 11 filmes. A nova produção “Sempre Viva” apresenta a experiência de cultivo de uma planta de mesmo nome, no território Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A produção foi realizada em parceria com o Canal Saúde, da Fiocruz, e outros parceiros locais.

Fernanda Cruz, da ASA Brasil, apresentou o novo vídeo. “Precisamos nos apropriar desses materiais para usá-los nos espaços de formação e divulgação, e levá-los para as comunidades que participaram dessa construção”, disse Fernanda, que também integra o coletivo de comunicadores da ANA.

Outros quatro vídeos estão sendo produzidos e devem ser lançados nos próximos três meses. As produções trazem experiências como: o cultivo do arroz agroecológico no Rio Grande do Sul; a formação de sistemas agroflorestais em Rondônia; da Rede Xique-Xique no Rio Grande do Norte; e de um assentamento do MST no Paraná.

Calendário agroecológico

Por fim, houve a divulgação do calendário do Centro Sabiá, cujo tema mobilizador foi a importância das sementes crioulas (nativas). O material é fruto do trabalho coletivo de uma equipe multidisciplinar e integrada à organização que, neste ano, comemora 22 anos. O Centro Sabiá apresentou, ainda, uma agenda feita em parceria com as organizações Caatinga e Diaconia.

1 comentário

  • Sempre Viva nao é cultivo. É extrativismo. Nao creio que possa ser considerado um processo de produção agroecologia mas, apenas uma processo de extrativismos de um recurso natural.