
Entre os dias 4 e 6 de dezembro, no Rio de Janeiro, foi realizada uma reunião da Comissão Executiva Nacional, com a participação de representantes da Comissão Regional Sul, dedicada ao debate metodológico do 5º ENA. A partir dos diálogos e das reflexões feitas, foi consensuada uma mudança na estratégia e na data do 5° ENA, que passa a ocorrer em maio de 2027, em Foz do Iguaçu (PR).
Além do reposicionamento do ENA no calendário de ação, outra novidade é a realização da Plenária Nacional da ANA em maio de 2026, também em Foz do Iguaçu. Com caráter ampliado, será uma Plenária Rumo ao 5º ENA, valorizando de maneira especial a participação de representantes da região Sul.
A Plenária será também um momento de exercitar o trabalho das comissões operativas que atuarão no 5º ENA, especialmente as de comunicação, alimentação, infraestrutura, segurança, metodologia, cultura e arte. Além disso, a proposta é que a metodologia de caravanas, que será adotada para a Plenária, possa iluminar o processo de mobilização rumo ao 5º ENA em todo o país.
Espera-se também ampliar a escuta para a realidade e os desafios das localidades por onde passará a caravana. Com isso, pretende-se adensar e aprofundar as reflexões e acúmulos do movimento agroecológico no território de Foz do Iguaçu, que sediará a Plenária, em 2026, e o ENA, em 2027.

O que embasou essas decisões:
- A necessidade de refletir e amadurecer coletivamente sobre as últimas estações em que paramos e processos vividos em 2025, como o II Encontro Nacional de Agricultura Urbana (ENAU), o 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), a Cúpula dos Povos, a COP 30, o 13° Encontro Ampliado da Rede EcoVida de Agroecologia (EARE) e outros.
- Ampliar e aprofundar o processo de mobilização para o 5° ENA nos territórios em todo o país.
- Realizar uma escuta ativa e atenta do território que acolherá o 5º ENA.
- Experimentar e qualificar metodologias de mobilização e formação que dialoguem com as características e necessidades dos territórios.
- Associar o processo de mobilização para o 5° ENA à iniciativa Agroecologia nas Eleições 2026.
Ajustar a estratégia rumo ao 5º ENA significa ampliar o tempo até a realização do Encontro, de tal forma que esse processo aconteça em diálogo com a agenda do movimento agroecológico e com as dinâmicas territoriais e de seus sujeitos.
A estação de partida rumo ao 5º ENA
…de mais longe já viemos!

O trem que chega é o
mesmo trem da partida.
Milton Nascimento e Fernando Brant
Relembrando a convocação do 5º ENA na Plenária de Florianópolis (SC), em 2024, e os caminhos percorridos até aqui, vemos que o trajeto é muito mais longo e o trem que nos levará a Foz do Iguaçu passou por muitos lugares e já esteve em outras paragens.
Teve seus primeiros vagões acoplados à locomotiva da agroecologia em 2002, no Rio de Janeiro, no 1º ENA, quando surgiu a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Estacionou em Recife (PE), em 2006, no 2º ENA, para que mais gente pudesse fazer essa viagem, que de tão importante “pesa uma tonelada” e tem na batida do tambor o ritmo do coração que pulsa. Chegou a Juazeiro (BA), em 2014, para que as águas do São Francisco banhassem o 3º ENA e nos lembrassem que, assim como as margens do rio, o movimento se encontra nas pontes e nos diálogos. E em Minas Gerais, onde tudo é trem e cada trem tem muitos sentidos, a agroecologia se expressou em seus múltiplos significados nas bandeirolas. Símbolos de luta e de vida que coloriram a estação de Belo Horizonte, em 2018, durante o 4º ENA.
E de lá saímos, percorrendo um Brasil de difíceis caminhos, quando tudo pareceu descarrilar nos quatro anos de um (des)governo autoritário e uma pandemia que ceifou vidas e sonhos. Mas arregimentamos forças e seguimos adiante, reverenciando as/os que não estão mais entre nós, fortalecendo laços e celebrando novos aliados. Partimos para eleger um novo governo e ajudar a reconstruir o país.
O trem da agroecologia retomou os trilhos da participação social, apitou nas estações das políticas públicas, anunciou planos de agroecologia e abastecimento alimentar e programas de redução de agrotóxicos. Mas também passou por ferrovias abandonadas e devastadas, por territórios invadidos e explorados pelo agronegócio e seus representantes.
E nesse percurso cheio de curvas acentuadas, altos e baixos, decidimos que era hora de rumar para o Sul, em busca de nosso Norte. Sabemos que os desafios são muitos e a rota precisa ser constantemente recalculada para manter o trem nos trilhos, como acabamos de fazer, e estacionar em Foz do Iguaçu, em maio de 2027.
E quando, em seu território, você ouvir o apito do trem rumo ao 5º ENA, corre pra embarcar nessa viagem. Já avisamos: ela é com emoção!
