Agroecologia nos territórios brasileiros é caminho para Justiça Climática

O “Mapeamento Agroecologia, Território e Justiça Climática” identificou mais de 500 iniciativas, em todos os estados do Brasil, promovidas por grupos, organizações, coletivos, redes e movimentos sociais. O objetivo foi compreender o cenário atual relacionado às ações de agroecologia que enfrentam as mudanças climáticas. A coleta de dados aconteceu por meio de formulário online entre abril e junho de 2025.

Além de informações sobre como as experiências agroecológicas estão contribuindo para a adaptação e mitigação às mudanças climáticas no Brasil, o mapeamento trouxe percepções do impacto sobre a produção de alimentos, a saúde da população e o meio ambiente. A pesquisa também revelou as principais características das experiências e os grupos que protagonizam as ações, assim como os fatores que agravam as mudanças climáticas nos territórios.

Os dados coletados estão armazenados na Plataforma Agroecologia em Rede, onde é possível consultar todas as experiências cadastradas. 

O mapeamento foi realizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e correspondeu à primeira etapa do projeto “Redes de agroecologia no enfrentamento às mudanças climáticas: uma pesquisa-ação desde os territórios”. A segunda etapa acontecerá de janeiro a setembro de 2026, a partir da promoção de uma série de atividades para analisar coletivamente as ações promovidas por cinco redes de agroecologia, uma em cada região brasileira.

Ao longo de todo o projeto, pretende-se refletir sobre as práticas necessárias para conjugar a construção de sistemas agroalimentares justos e resilientes com a justiça climática, incluindo tensionar as falsas soluções que têm sido propagadas como saída, mas que, ao contrário, intensificam desigualdades e a crise climática.

Mais que dados e análises, a pesquisa-ação quer mobilizar corações e mentes e potencializar narrativas na perspectiva da agroecologia que despontam da vida nos territórios. Também temos a intenção de incidir na construção de políticas públicas que sejam capazes de promover a justiça climática no Brasil e no mundo e mostrar como o futuro sustentável brota da terra e das mãos de quem a cuida.

Os resultados da pesquisa-ação serão ecoados em grandes encontros, como o 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), em outubro de 2025; a Cúpula dos Povos e a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerão no Brasil, em novembro; e o 5º Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), que será realizado na cidade de Foz do Iguaçu (PR), em meados de 2026.

Além da ANA, o projeto conta com a força coletiva de organizações como a AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, a Associação Agroecológica Tijupá, a ANA Amazônia, a Fase – Solidariedade e Educação e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); e tem o apoio do Agroecology Fund, do International Development Research Centre (IDRC) e da World Animal Protection (WPA).