Manifesto do 8 de Março de 2025 

Mulheres da Agroecologia na Luta Feminista, Antirracista e Anticapitalista

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Em março de 2025, mês de luta das mulheres, nós, feministas do movimento agroecológico, denunciamos as ameaças cotidianas que vivenciamos em nossos territórios, em nossos corpos e em nossas vidas. 

O capitalismo cria  novas estratégias de lucro, de apropriação do trabalho das mulheres e dos bens comuns. Essas estratégias,  combinadas com o racismo ambiental, intensificam as invasões e expropriações de nossas terras, a contaminação das nossas águas – por agrotóxicos, metais pesados e demais produtos químicos resultantes das atividades mineradoras – estimulam o desmatamento das florestas e a devastação dos biomas. Tudo isso para implementar grandes projetos, que ameaçam as nossas casas, roçados, quintas, matas, florestas e rios  e ampliam os efeitos das mudanças climáticas. 

Dizemos NÃO aos parques de energia eólica, às fazendas solares e à construção de grandes ferrovias,   rodovias e hidrovias, que são feitas para desaguar a produção do agro-hidromineronegócio. Dizemos NÃO à especulação imobiliária, ao militarismo e às monoculturas. Dizemos NÃO ao monopólio e à falta de regulação da comunicação, notadamente das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs. Dizemos NÃO à propagação da desinformação e da mentira, as fake news, que atingem diretamente os direitos da classe trabalhadora e os direitos das mulheres, as primeiras a serem impactadas ao menor sinal de crise.  Exigimos soberania energética, tecnológica e alimentar! 

A estratégia das grandes corporações para a flexibilização das legislações ambientais no nosso país, articulada com deputados federais conversadores que compõem as bancadas do boi, da bíblia e da bala, coloca em risco nossos bens comuns e nossas comunidades, construindo grandes barragens, explorando minérios, destruindo nossas matas, animais e as pessoas que têm mantido toda a diversidade de vida nos nossos territórios. Enquanto isso, as grandes empresas seguem lucrando no mercado financeiro, ampliando o uso de agrotóxicos, transformando os bens comuns em mercadorias, monopolizando os alimentos, adoecendo nossos corpos, instalando medo e insegurança nas pessoas.  A fome, o encarecimento dos alimentos, a destruição dos agroecossistemas  pelo agronegócio e a destruição de  bens essenciais para a nossa sobrevivência são algumas das consequências dessa lógica predatória que destrói nossa terra e nossas vidas. 

Nos últimos anos, temos sido alvo de ataques cada vez mais brutais. O fortalecimento da extrema direita e o crescimento do conservadorismo aumentam a violência, as guerras, a intolerância religiosa e ameaçam nossos modos de vida, ameaçam as mulheres e as lideranças populares, resultando em assassinatos de mulheres indígenas, quilombolas e camponesas que se levantam em luta coletiva e resistem. A criminalização dos nossos modos de vida, das nossas lutas e da nossa conexão com nossos territórios tem sido uma constante. Por isso, estamos  e lutamos por políticas públicas que valorizem a agrobiodiversidade, a organização das mulheres e os sistemas alimentares construídos por nós! 

As mulheres continuam mostrando, através de suas organizações, das práticas e da preservação dos modos de vida nos territórios, como construir o bem viver. Combatendo o machismo, o racismo e o capitalismo colocando os cuidados com a vida e com a natureza no centro das relações. Por isso, não nos calamos e não nos calaremos! 

Neste 8 de Março e na construção do feminismo agroecológico, seguimos anunciando a agroecologia como alternativa concreta à uma vida mais saudável e justa e o feminismo como luta urgente pela igualdade, liberdade e por uma vida sem violências. 

Pela vida das mulheres!

Por soberania energética e alimentar!

Pela soberania dos povos!

Por  justiça climática!

Pela Agroecologia!

Pelo Bem Viver! 

Sem feminismo não há agroecologia!

Se tem racismo, não tem agroecologia!