NOTA DE REPÚDIO AO MACHISMO E À MISOGINIA NA CÂMARA DE VEREADORES DE SÃO JERÔNIMO DA SERRA (PR)
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A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) presta toda solidariedade a Flávia Kaingang (PRD), primeira vereadora indígena do estado do Paraná, que foi vítima de machismo e misoginia na Câmara de Vereadores do município de São Jerônimo da Serra, no último dia 03 de março, ao ouvir do vereador Marcelo Scerbo (PT), a seguinte frase: “Vaca que não dá cria tem que levar marretada na cabeça, igual mulher que não dá cria, tem que marretar”.
A vereadora se pronunciou sobre o caso durante a 4ª Sessão Extraordinária de 2025, realizada no último dia 17 de março. “Eu não tenho filhos, nem por isso mereço levar marretada. Eu pensei muito esta semana. Eu não queria nem retornar para essa Casa de Lei. Eu sei das consequências que essa minha fala pode me trazer, mas eu não posso me calar. Eu vim aqui pelos direitos das mulheres, pelos direitos das jovens, e eu não posso deixar essa fala ficar em vão. Nenhum animal deveria levar marretado na cabeça e ainda ser comparado com uma mulher”.
Na Câmara Municipal de São Jerônimo da Serra, atualmente, apenas duas mulheres ocupam cargos de vereadoras, dos nove candidatos eleitos. Na legislatura anterior, eram todos homens. “Se esse espaço não estava ocupado por mulheres, hoje nós temos duas mulheres aqui na Câmara de Vereadores. Nós temos [também] as funcionárias, as prestadoras de serviço. Aqui deve ser uma Casa de Lei, de respeito. Que essa fala machista, preconceituosa, maldosa não fique impune”, disse a vereadora, ao solicitar que seu pronunciamento constasse em ata e que a Câmara de Vereadores tomasse as devidas providências.
Ao mesmo tempo que se solidariza com a vereadora, a ANA repudia veementemente toda postura racista, machista e misógina, bem como qualquer fala, seja ela dita formal ou informalmente, que vise silenciar, interromper, excluir, humilhar, rebaixar, constranger, difamar, desqualificar, descredibilizar, violentar e ameaçar as mulheres em qualquer espaço e, neste caso, mulheres que assumem cargos públicos ou eletivos, resultando na violência política de gênero, que afasta as mulheres da política, sendo um ataque direto à democracia.
SEM FEMINISMO, NÃO HÁ AGROECOLOGIA!
Articulação Nacional de Agroecologia
Rio de Janeiro, 20 de março de 2025
O vídeo com a transmissão ao vivo da 4ª Sessão Extraordinária está disponível na página oficial da Câmara de Vereadores de São Jerônimo no facebook: https://www.facebook.com/CamaraMunicipal.SJS/videos/503864446121989