Troca de Sementes Apinajé – Aldeia Patizal. Foto Arquivo Patricia Moojen

Por Eduardo Sá

A campanha Agroecologia nas Eleições, realizada pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), chegou ao fim com mais de vinte matérias e entrevistas publicadas na Mídia Ninja nos últimos meses. Foram identificadas aproximadamente 700 experiências agroecológicas em todo país, destacando a agenda propositiva rumo a um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável que já acontece há décadas em vários territórios.

A iniciativa inédita e descentralizada por meio do movimento agroecológico evidenciou uma grande diversidade de iniciativas municipais de apoio à agroecologia e à agricultura familiar e de promoção da segurança alimentar e nutricional. Centenas de experiências com políticas públicas, inclusive inspiradas em ações da sociedade civil, estão em andamento em todos os estados. Essa amostra levantada em poucos meses sinaliza para um universo certamente muito maior.

Moedas sociais e vales-feira, gestão de resíduos, apoio a grupos produtivos de mulheres e de jovens, inclusão produtiva por meio do apoio à adequação às normas sanitárias, agricultura urbana e periurbana e alimentação escolar são alguns dos eixos temáticos visibilizados neste processo. Mas esta pesquisa não se encerra nas eleições, como explica Denis Monteiro, da secretaria executiva da ANA.

“Tivemos um resultado excelente com a pesquisa e também na articulação com os candidatos a vereanças e prefeituras. Continuaremos a destacar essas experiências municipais agora por meio da campanha Agroecologia nos Municípios, que além de visibilizar as iniciativas da agricultura familiar também vai cobrar dos candidatos eleitos que se comprometeram a levar a frente as propostas que estão em nosso documento propositivo. As experiências mostram que vereadores podem fazer muito, aprovar leis a favor da agricultura familiar, com vontade política e diálogo com a sociedade. Sobre prefeitos e prefeitas eleitas pelos partidos de esquerda ou que, mesmo em outros partidos, tenham compromisso de fortalecer a agricultura familiar, não adianta ficar só pensando em 2022. Eles e elas têm que fazer excelentes governos nos municípios, convocar a sociedade civil organizada, desenhar políticas criativas e abrangentes, fazer gestões eficientes”, afirmou Monteiro.

Durante o processo eleitoral, 1.200 candidaturas assinaram a carta política agroecológica, que aponta para eixos e diretrizes de um programa elaborado coletivamente pelos movimentos da sociedade civil. Cerca de 47 prefeitas/os e 125 vereadoras/os foram eleitas/os e, a partir desse processo de articulação, será estabelecido em 2021 um diálogo na perspectiva de fortalecimento das políticas para a agricultura familiar em nível municipal. Muitas candidaturas, inclusive, já haviam incorporados esses elementos nos seus programas apresentados durante as campanhas.

Em janeiro, retomaremos nossa série de reportagens dando visibilidade a experiências em todo país que busquem um mundo socialmente justo, ecologicamente sustentável e sem desigualdades de gênero, raça ou qualquer outra discriminação. Como dizia o escritor uruguaio Eduardo Galeano, este mundo infame está grávido de outro mundo possível, e são iniciativas como essas que já estão parindo um outro modelo de sociedade.

*Matéria originalmente publicada pela Mídia Ninja. Para acessar, CLIQUE AQUI.