Manifestantes alertam aos juízes da suprema corte que suas decisões podem resultar na salvação ou na morte não somente dos grevistas, mas de milhares de brasileiros.
O país está em um momento decisivo de sua conjuntura e uma série de ofensivas por parte do campo dos trabalhadores estão sendo empreendidas para influenciar a agenda política.
Além da Marcha Nacional Lula Livre, que começa dia 10 e chega à Brasília no dia 15, atos ecumênicos, mobilizações da juventude e do Dia do Basta das centrais sindicais (também dia 10), um grupo de militantes da Via Campesina e de movimentos urbanos se lançou numa atitude extrema: uma greve de fome, que, nesta segunda-feira (06), atinge seu sétimo dia.
Os militantes Zonália Santos, Jaime Amorim e Vilmar Pacífico (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST), Rafaela Alves e Frei Sérgio Görgen (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA) e Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares – CMP) completaram uma semana sem ingestão de nenhum alimento, apenas água e soro. Nesta segunda-feira mais um militante se soma à greve: Leonardo Armando, do Levante Popular da Juventude.
“A greve de fome que a gente está realizando aqui em Brasília é contra a fome. É para que outros não passem fome”, anuncia Frei Sérgio. Para eles, o projeto instalado com o golpe de 2016 impacta nas camadas mais pobres, com aumento da fome e violência, perda de direitos no que toca saúde e educação e total desprezo pela soberania nacional.
Para reverter isso, eles apontam que o povo já escolheu seu caminho: a libertação e a condução de Lula à Presidência, como homem-símbolo de um projeto de combate à pobreza e à fome.
“Por isso, essa greve de fome também é pela liberdade de Lula e seu direito de ser candidato. Ele está lá condenado e trancafiado em Curitiba porque representa a ideia de que não se pode sustentar os privilégios da elite às custas da fome do povo”, explica Görgen.
Em manifesto protocolado no Superior Tribunal Federal (STF) no primeiro dia de greve (31/07), os grevistas denunciam a volta da fome, o aumento da violência, particularmente contra jovens, mulheres, negros e LGBT, a situação dos doentes com os ataques à saúde, a falta de perspectiva da juventude com os ataques à educação pública, o aumentos dos preços (carestia) dos alimentos, combustíveis e gás e a perda da soberania nacional.
O apelo é dirigido ao STF em conjunto, mas em particular aos ministros Luis Edson Fachin, Cármem Lúcia, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes, para que decidam em favor da presunção de inocência garantida na Constituição até o final do trânsito em julgado, o que daria a Lula a condição de liberdade e de candidato do povo nas eleições presidenciais.
Os manifestantes afirmam que a greve de fome foi uma opção livre e consciente para evitar que a população brasileira sofra dessa mazela social por imposição. “A fome representa aqui o desprezo pelo ser humano, como se os pobres não precisassem viver. Isso é muito forte e doloroso!”, conclui Zonália Santos.
Atividades de mobilização
Com o avanço da greve e o aparecimento de debilidades nos grevistas, nesta fase se intensificam as visitas de autoridades ao local de repouso dos militantes, no Centro Cultural de Brasília (CCB). Durante o último final de semana, receberam as visitas de Manuela D’Ávila, candidata do PCdoB à Presidência, e de Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria da Presidência nos governos Lula e Dilma.
Nesta segunda-feira, às 16 horas, a greve de fome recebe a visita da Caravana Semiárido contra a Fome, que percorre cerca de 6 mil quilômetros desde a cidade natal de Lula, Caetés, até Brasília, dialogando com a população sobre os perigos do retorno do Brasil ao Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas). A Caravana passou ainda por Feira de Santana, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo, antes de chegar a Brasília.
Ainda nesta segunda-feira, em Corumbá de Goiás, acontece o Acampamento Nacional da Juventude, reunindo jovens do campo e da cidade, em preparação para a grande Marcha Lula Livre, que se inicia no próximo dia 10/08.
Fonte: Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)