Por CPT Araguaia-Tocantins
Troca de conhecimentos, divulgação dos saberes e interação entre os povos e comunidades tradicionais e camponeses(as) marcaram o II Encontro Tocantinense de Agroecologia, que aconteceu nos dias 01 a 04 deste mês, na comunidade quilombola Malhadinha, munícipio de Brejinho de Nazaré. Com o tema “Articulando a diversidade, fortalecendo a Agroecologia”, o encontro reuniu 225 pessoas, dentre elas 80% de camponeses e camponesas vindos de todo o estado e 50% de jovens, principalmente estudantes das escolas Família Agrícola do Tocantins.
Como resultado do encontro, foi consolidada a Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA), com objetivo de fortalecer, discutir e animar processos de articulação no âmbito regional e estadual, além de sistematizar e divulgar as experiências, denunciar os impactos do agronegócio e propor políticas públicas. Composta por uma coordenação ampliada, a Articulação Tocantinense de Agroecologia visa o diálogo entre as várias organizações apoiadoras e dos trabalhadores e trabalhadoras do campo para que sejam potencializadas as experiências de agroecologia já existente no estado, mostrando a sociedade que existem outras possibilidades para além do agronegócio, uma vez que os monocultivos têm impactos negativos ecológicos e sociais.
Durante os quatro dias foram debatidas as experiências agroecológicas existentes no estado que fundamentaram a definição das principais ações que a ATA deverá focar para o próximo ano, tendo em vista o momento de crise política brasileira.
Dentre os avanços ocorridos no encontro, o lançamento do caderno de experiências agroecológicas foi um dos destaques. Contendo experiências agroecológicas sistematizadas pelas organizações que promovem ações concretas de promoção da agroecologia no estado, o caderno é uma forma de expressar e materializar a agroecologia relacionada diretamente às tradições camponesas e suas lutas diárias na conquista dos seus territórios e na manutenção de seus modos de vida.
Assim como o caderno de experiências, outro destaque foi à aprovação unanime da carta política produzida durante o encontro, a “Carta da Malhadinha”, voltada para a sociedade, onde está expresso o que todos e todas que fazem parte da ATA, construtores da agroecologia, defendem: uma educação voltada para o campo, apoio aos agricultores familiares e defesa dos biomas. Na carta também se repudia as ações de um governo que não representa a maior parcela da população brasileira, ações de retrocessos para a reforma agrária educação brasileira e todos os anseios sociais. Expressam na carta seu repudio ao projeto MATOPIBA, que visa à destruição do cerrado, assim como das famílias camponesas.
Essa é a forma que a ATA expõe seus paradigmas e objetivos, entendendo que precisamos fortalecer cada vez mais a agroecologia para poder se contrapor ao agronegócio e garantir a segurança alimentar e a preservação dos biomas.