Está no ar o caderno Juventudes e Agroecologia: a construção da permanência no campo na Zona da Mata Mineira, produzido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) em parceria com o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM). A publicação faz parte do projeto Promovendo Agroecologia em Rede, executado o apoio da Fundação Banco do Brasil (FBB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).
De acordo com Flavia Londres, da secretaria executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), desde a fundação da articulação é seguido o princípio de olhar as experiências de promoção da agroecologia e refletir sobre os aprendizados gerados por elas. O objetivo, nesse sentido, é a partir desses estudos desenvolver ações que possam contribuir para a ampliação de escala da agroecologia nos territórios e para a formulação de propostas para o aprimoramento e a criação de programas e políticas públicas de apoio à agricultura familiar, complementou.
“O envelhecimento do campo é um fenômeno que tem gerado atenção e preocupação. Em algumas regiões, são experiências de agroecologia que têm interessado e motivado jovens a investir seu futuro na agricultura, mas os desafios dessa escolha ainda são grandes. Buscando entender melhor esse processo e, especialmente, os fatores que atraem ou expulsam os jovens do campo elaboramos essa sistematização na Zona da Mata Mineira. No documento é privilegiada a fala desses jovens, que traz luzes importantes para a compreensão sobre o tema e pode fomentar a construção de caminhos para o enfrentamento dos desafios evidenciados”, explicou Londres.
Este caderno foi elaborado na perspectiva de trazer elementos para reflexão sobre a contribuição da agroecologia na permanência e protagonismo da juventude no campo, explicou Natalia Faria de Moura, uma das autoras do estudo. A ideia principal foi a de investigar as formas que o futuro dessas/es jovens vão assumindo no presente, com suas potencialidades e entraves, identificando e analisando práticas sociais indicadoras de opções na busca de alternativas de inserção de jovens no mundo do trabalho e da produção social, complementou a pesquisadora.
“O que mais nos marcou nesse estudo foi perceber a importância da Educação do Campo, especialmente as experiências de educação em alternância, como principal fator motivador da permanência no campo da juventude da Zona da Mata-MG. Essas experiências educativas têm propiciado a essas/es jovens oportunidades de se reconhecerem enquanto sujeitos políticos coletivos e de direitos e, portanto, dão suporte ao compromisso com a transformação social. Estudos como esses são importantes para dar voz e vez à juventude campesina que geralmente é inferiorizada e/ou invisibilizada dentro de um contexto social opressor que historicamente enxerga a/o agricultor como ‘atrasada/o’, a/o jovem como ‘inconsequente’ e a mulher como ‘frágil e incapaz’”, disse.
A agroecologia, as experiências de educação e formações em feminismo, que têm inspirado e motivado o protagonismo juvenil na perspectiva estratégica de permanência no campo, também foram constatados no estudo. Entre os desafios apontados na publicação, constam a falta de autonomia dos jovens nos trabalhos da propriedade, a ausência de renda monetária pelos serviços prestados à família, as dificuldades de comercialização dos produtos agroecológicos a um preço justo, a invisibilização e não valorização do trabalho feminino e a falta de políticas públicas adaptadas à realidade da juventude camponesa. A agroecologia é identificada como um caminho construtor de possibilidades para driblar esses desafios.
Leia na íntegra Sistematizacao Juventude Agroecologia