juventude najarPor Najar Tubino, da ASPTA

Areia (PB) – Esse é um dos 14 municípios que campo e o Polo da Borborema, que nesse ano está completando 20 anos de organização social, sindical, incentivando a convivência com o semiárido, a agroecologia e, agora, organizando a juventude do campo. Na década de 1980 os nordestinos ficaram conhecidos no Brasil pela paisagem tétrica do semiárido, com gente morrendo de fome e fugindo em busca de emprego no sudeste e sul do país.O evento que a ASPTA promoveu no dia 27 de julho é um encontro de parceiros, de representantes da juventude de vários municípios, de lideranças do Polo da Borborema e dos apoiadores do Projeto Sementes do Saber, que foi cofinanciado pela União Europeia, com participação da CCFD – uma entidade de católicos franceses-, da Act!onaid, do Polo da Borborema, mais a Embrapa e a Universidade Federal da Paraíba, que tem um campus em Areia.

O projeto envolveu a formação de 300 jovens, que foram incentivados a ficar nos sítios ou nos lotes, onde a família mora, e a trabalhar com agroecologia, criação de animais – cabras e ovelhas -, produção de hortigranjeiros, apicultura e mudas de plantas silvestres. O evento termina no dia 28 de julho com a I Marcha da Juventude Camponesa na Luta pela Agroecologia.No dia 8 de março, há cinco anos, o Polo da Borborema promove a marcha das mulheres em defesa da vida e da agroecologia, com a participação de mais de cinco mil pessoas.

O Polo da Borborema tem uma tradição na organização sindical, todos os sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais participam das atividades. E, nesse momento, incentivam a juventude a tomar o seu lugar na organização social da região. No seminário foram apresentados casos específicos de famílias, onde os jovens inseridos no projeto Sementes do Saber , mostraram os resultados e as modificações ocorridas dentro da propriedade nos últimos três anos.

Usaram uma metodologia chamada de carrossel, onde os participantes giravam em torno do salão e iam apresentando os resultados. Alan, Paula, Mônica, Léia, Roselita, Roberval, Erivan e Marcelania, Adailma, Jessica, Danilo, Delfino, Alexandre, Paula, todos eles ressaltaram os resultados positivos e as modificações ocorridas dentro das propriedades. Isso inclui produção de mel, compra de cabras e ovelhas, viveiros de mudas, participação em feiras agroecológicas, muitos intercâmbios entre os participantes e uma vontade danada de seguir na luta.

Um exemplo: Alex, de 16 anos, terceiro filho de Gerusa e José, em uma família de mais quatro irmãos, Kátia de 8 anos, Fernanda, de 18 anos, Artur, de 20 anos e Alisson de 11. Todos vivem na propriedade de 2,5 hectares, no sítio Cachoeira de Pedra D’água, município de Massaranduba-PB.

“- A família morava em Queimadas-PB, nas terras dos avós paternos de Alex, até que em 2007 venderam 30 reses para comprar a propriedade em Massaranduba que, segundo Alex, não tinha quase nada. A gente veio pra cá em 2008 e aqui não tinha roçado, só uns pés de caju, umas bananeiras, uma cisterna pequena e a casa.. A família então cavou à mão um poço para dar água aos bichos. Depois comecei a participar do grupo de jovens do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Massaranduba. Nessa época comprei meu primeiro animal. Vieram seis cabras da ASPTA para fortalecer um Fundo Rotativo Solidário de Jovens.”

O final da história desses 300 jovens que participaram do Projeto Sementes do Saber é de incremento social, econômico e cultural. Todos eles mudaram o curso das suas vidas para melhor. Todos ganham dinheiro com os resultados do seu trabalho no campo e nem querem saber de ir para cidade, trabalhar como empregado de supermercado, ou na construção civil. Querem autonomia, independência, querem mais políticas públicas que fortaleçam as suas ações. E, querem, acima de tudo, curtir a juventude com dinheiro no bolso, muitas ideias para compartilhar e a consciência de que permanecer na terra é fundamental e que a reforma agrária é a essência desse processo.