Nos dias 3 e 4 de junho, acontece em Miranda, no Parque de Exposição 16 de julho, a 1ª edição do Agroecoindígena. O evento, com forte protagonismo indígena, terá como tema “Fortalecendo a Agroecologia em Terras Indígenas (TI) do Pantanal Sul-mato-grossense” e busca a promoção da autonomia indígena, proporcionando um espaço para se refletir a gestão sustentável dos territórios indígenas a partir do diálogo entre a ciência indígena e a acadêmica. O evento também pretende fortalecer os princípios e filosofia da agricultura tradicional Terena, por exemplo, por meio de Sistemas Agroflorestais Biodiversos (SAFs) nas comunidades indígenas do Estado. Além disso, o evento pretende dar visibilidade as ações desenvolvidas pelos indígenas na conservação do Pantanal, promovendo o diálogo de saberes e fortalecendo as práticas sustentáveis.
Para o coordenador do evento, o Biólogo da etnia Terena, Leosmar Antonio, o Agroecoindígena pretende valorizar os conhecimentos tradicionais indígenas no âmbito das Ciências da Terra, nasceu a partir da necessidade de se garantir um espaço onde se pudesse pautar questões específicas dos Povos Indígenas. “Pretendemos reunir diversos indígenas, e através da nossa experiência histórica de relação com a terra, da nossa sabedoria tradicional, em conjunto com os parceiros institucionais e sociedade de maneira geral, queremos contribuir para apontar novos caminhos diante de inúmeras crises que nos afetam”, explica ele.
A Prefeita de Miranda, Juliana Pereira Almeida de Almeida, acredita que o protagonismo indígena é um tema central para cidade, considerando o tamanho da população indígena local. “O evento vem de encontro às nossas políticas de fomento para o desenvolvimento de atividades econômicas e de subsistência que possam ser desenvolvidas nas aldeias, gerando renda, melhorando a qualidade de vida das comunidades indígenas sem, contudo, desrespeitar as tradições”, disse ela.
O Chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Lafourcade Asmus, destaca a importância da participação da instituição em atividades desenvolvidas em parceria com os indígenas. “Como uma Unidade Ecorregional temos um compromisso de desenvolver pesquisas que contribuam com a sustentabilidade agrícola de toda a área de abrangência da Unidade, independente da escala de produção desses agricultores”, salienta ele.
Ele explica ainda que área de abrangência da Unidade, conta com a presença da etnia terena, que são indígenas que possuem tradições agrícolas, onde estão sendo desenvolvidas pesquisas há alguns anos. “Esse é um evento importante, pois possui uma abrangência regional. O evento gera uma oportunidade de divulgar técnicas agrícolas adequadas às necessidades dos indígenas e que tragam maior eficiência à produção e que agreguem valor ao trabalho desenvolvido nas aldeias”, enfatizou Guilherme.
O Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Auro Akio Otsubo, reforça que a participação da Embrapa nesse evento reforça o protagonismo e a importância das pesquisas que estão sendo desenvolvidas junto a comunidade indígena de Miranda pela Unidade. “Essas atividades geraram resultados positivos para a comunidade, tanto por meio da capacitação de indígenas, alguns inclusive realizaram estágios na Embrapa, outros participaram de cursos e de Dias de Campo. Isso demonstra que esses indígenas estão interessados nas tecnologias transferidas que aprenderam, praticaram, estão inovando e querem obter mais conhecimentos. Agora desejam proporcionar oportunidades de dividir com outros indígenas e esse evento é resultado disso”, acrescenta Auro.
“Várias práticas de manejo utilizadas pelas comunidades indígenas daquela região foram repassadas pela equipe da Unidade, dentre elas: rotação de culturas, uso de adubos verdes, conhecimentos sobre componentes biológicos do solo, estratégias de manejo de solo, arranjos de plantas em SAFs, implantação e manejo de SAFs”, disse Auro. Segundo ele, essa é uma oportunidade organizada e demandada pelos próprios indígenas que pretende consolidar as práticas agropecuárias que ele já aprenderam e compartilhar conhecimentos com outras etnias. “A expectativa é que esse evento sirva como exemplo para que indígenas de outras regiões comecem a promover trocas como essa”, explica ele.
A expectativa do evento é de reunir cerca de mil participantes, entre indígenas, pesquisadores, técnicos, extensionistas, estudantes e professores envolvendo todo o município de Miranda onde concentram nove aldeias. Também estão sendo esperados indígenas de outros municípios do Mato Grosso do Sul: Dourados, Nioaque, Aquidauana, Sidrolândia, Dois Irmãos do Buritis, entre outros.
A Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Pantanal estão trabalhando como uma das instituições organizadoras do evento. O evento é uma realização do Coletivo Ambientalista Indígena de Ação para Natureza, Agroecologia e Sustentabilidade (Caianas), composta por anciãos, homens, mulheres, jovens e lideranças indígena de Terra Indígena (TI) Cachoeirinha , em parceria com diversas instituições. Subsecretaria de Políticas Públicas para População Indígena (SPPPI), Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Secretaria de Agricultura Familiar (Sepaf), Projeto Gestão Ambiental e Territorial Indígena (Gati), Instituto Terena de Educação Intercultural, Prefeitura Municipal de Miranda, Funai, IFMS, UEMS, UFMS, UFGD, Programa Rede de Saberes
“Permanências de Indígenas no Ensino Superior”.
Programação – O 1º Agroecoindígena reúne alguns seminários e encontro. Sendo os Seminário de Sistemas Agroflorestais Indígenas e o Seminário de Concepções para o Curso Superior em Agroecologia Indígena (contando com a participação de representantes de todos os órgãos parceiros entre eles: IFMS, UFMS e UFGD). Serão realizadas as primeiras edições dos seguintes Encontros: “Encontro de Agricultores e Agricultoras Indígenas”, “Encontro dos Xamãs Indígenas”, “Encontro de Concepção do Curso superior de Agroecologia Indígena”, haverá ainda a primeira edição da “Feira de Etnovariedades”.
Serão oferecidas 10 oficinas focadas para técnicas e práticas de interesse com variados temas, além de giro etnotecnológico (visitação nas aldeias locais), que consistem em visitas e conversas nos locais de Unidade Produtiva familiar, Escola Indígena e Unidade Demonstrativa Agroecológica giro tecnológico (visitação nas aldeias locais), que consistem em visitas e conversas nos locais de plantio e de desenvolvimento na comunidade.
SERVIÇO:
1º Agroecoindígena 2016 – “Fortalecendo a Agroecologia em Terras Indígenas do Pantanal Sul Matogrossense”
Data: 3 e 4 de junho de 2016
Local: Parque de Exposições 16 de Julho – Miranda/MS