protesto eraEm defesa das sementes da paixão e com críticas em relação aos transgênicos, o XV Encontro Regional de Agroecologia Nordeste (ERA) encerrou suas atividades no último sábado (02/05) com um ato político na praça pública de Bananeiras, na Paraíba. Após as oficinas temáticas, visitas a experiências agroecológicas e diversas atividades culturais, o encontro acabou com a entrega de uma carta política feita pelos estudantes a parlamentares do Estado. Ao final do ato ocorreu uma Feira de Saberes com alguns produtos da agricultura familiar local, e a apresentação dos trabalhos dos estudantes inscritos no encontro.

 

protesto nas ruasOs jovens foram cantando e batucando até a praça pública de Bananeiras, onde ocorreu uma mesa com representantes estudantis, dos movimentos sociais e gestores públicos. Bandeiras de movimentos como Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), dentre outras, se destacaram entre os jovens. Muitos cartazes foram utilizados para informar a população local: “pelo direito de saber o que estamos comendo” e “transgênicos: se te querem esconder bom não pode ser”, foram algumas das mensagens transmitidas. “Se o campo não planta, a cidade não janta”, a principal palavra de ordem.

Integrantes do encontro fantasiados de mímicos ou palhaços, usaram a descontração para dialogar com a sociedade: com brincadeiras e alegria entregavam folhetos informativos, e conversavam com as pessoas. Ocorreu uma oficina no dia anterior para capacitar esses clowns, como são chamados os que usam essa técnica de interação. Grande parte da população, curiosa com o que estava acontecendo na pequena cidade, se aproximou aos jovens e pessoas próximas a praça deram atenção às discussões.

rsz palhacos“É colocado goela abaixo 7,3 litros de agrotóxicos na comunidade. Estamos nas ruas pela agroecologia e pela vida, e para explicar que a gente precisa ter uma alimentação saudável. Estamos mostrando a vocês o projeto de morte que é o agronegócio, estamos aqui contra os transgênicos que fazem mal à saúde e ao meio ambiente. Por isso defendemos as sementes da paixão dos agricultores da Paraíba”, falou no trio elétrico a estudante Amanda Maia, da coordenação regional V da FEAB.

Com bastante entusiasmo Dilei Aparecida, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), abriu a mesa na praça pública falando sobre a importância da juventude para destruir o latifúndio, o agronegócio e o agrotóxico, além de botar para fora “as multinacionais e as empresas que querem carregar as riquezas naturais desse país”. Segundo ela, sem democratização da terra, da mídia e a reforma política não vamos mudar esse país, e isso só é possível com o povo nas ruas. E não existe agroecologia sem reforma agrária, acrescentou.

dilei“Depositamos nossa esperança de mudança na juventude essa energia e garra para reconstruir esse país. Precisamos entender o momento histórico no Brasil para mudar suas estruturas, saber suas causas. Esse país está em cheque porque o capital internacional está de olho, hoje está no Congresso que é financiado pelas empresas para dominar. Estão domando a população como se o problema do país fosse a corrupção, mas o que está em jogo é a entrega do nosso país ao capital estrangeiro que está em crise. Não haverá mudanças se ficarmos assistindo pela Rede Globo, precisamos criar nossos meios de comunicação”, afirmou.

Segundo o deputado estadual Frei Anastácio (PT-PB), a juventude é a razão da existência do povo brasileiro, na medida em que o futuro depende dela. Ele diz ter dado sua contribuição na luta pela terra, e que agora chegou a vez da nova geração.

rsz anastacio“Há três anos foi aprovada uma lei de nossa autoria contra os agrotóxicos, comemorada com uma grande feira no centro de João Pessoa. Temos 40 feiras agroecológicas cadastradas, 309 assentamentos de agricultura familiar, com aproximadamente 100 mil pessoas, que produzem 170 toneladas de agricultura agroecológica e saudável. Vocês futuros profissionais têm que trabalhar sem veneno, não é possível que cada brasileiro consuma 7,3litros de agrotóxicos por ano. É necessário que a universidade esteja unida aos trabalhadores da agroecologia”, disse.

“Vocês vão ter na diretoria da DATER um companheiro para que a agroecologia não seja uma exceção, mas uma regra no estado”, se limitou a dizer Marenilson Batista, coordenador do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.

rsz cartazesO estudante Artur Poffo, da coordenação nacional da FEAB, disse que o ato mostrou como o movimento estudantil ainda tem força para lutar pela reforma agrária e política. “Estamos aqui para se contrapor a um modelo falido, que defende o capital estrangeiro. Queremos que a universidade quebre também seus muros. É importante ver o nordeste mobilizado pela classe trabalhadora. Pautamos uma universidade pública de qualidade com toda a sociedade”, destacou.

Também representando o movimento estudantil, Lucas Salla, da Rede Paraibana de Estudantes de Agroeocologia, com uma bandeira da Via Campesina nas mãos, disse que os estudantes devem estar nas ruas junto aos trabalhadores. “Precisamos nos reunir, trabalhar em redes, fazer essa troca de saberes, e mostrar à sociedade que o conhecimento está com o camponês que planta sem agrotóxicos e transgênicos. Precisamos pautar a metodologia dos nossos professores para agroecologia, e não o agronegócio. Devemos valorizar e resgatar os saberes das populações e comunidades tradicionais”, apontou.