Por Assessoria de Comunicação ASA,
A contaminação dos alimentos por agrotóxicos e os perigos que causam à saúde das pessoas do campo e da cidade foram os principais focos das mobilizações rápidas (flash mobs) que aconteceram nesta quarta-feira (26), em todos os estados do Nordeste e em Minas Gerais, por ocasião dos 15 anos da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), rede formada por três mil organizações da sociedade civil que atua pelo desenvolvimento sustentável do Semiárido.
As mobilizações surpreenderam quem passava nos locais, em geral, praças públicas e centros comerciais. Com faixas, megafones e apresentações teatrais, os participantes chamaram a atenção dos transeuntes para o modelo de agricultura do País, confrontando de um lado a agricultura familiar, que produz alimentos saudáveis e é responsável por 70% dos alimentos que vão à mesa dos/as brasileiros/as, e do outro o agronegócio, um modelo que provoca a concentração de terra e renda e utiliza agrotóxicos que prejudicam à saúde e o meio ambiente, além de expulsar e destruir territórios de comunidades tradicionais e de camponeses.
“Agrotóxico é o nome disfarçado, o nome disso é veneno e ele mata”, disse Vera Lúcia Felix, coordenadora do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), durante a mobilização em Arapiraca, região com forte predominância da monocultura do fumo, que usa muito veneno na plantação contaminando principalmente os/as agricultores/as. Desde 2008 o Brasil é o país que mais consome agrotóxico no mundo.
No Rio Grande do Norte, a intervenção ocorreu no Restaurante Universitário da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA). Um grupo de comunicadores/as populares, agricultores/as e o movimento estudantil da UFERSA simularam a pulverização de agrotóxicos na alimentação dos/as estudantes. A ação foi finalizada com o anúncio da agricultura familiar agroecológica como alternativa para a soberania e segurança alimentar da população externada na palavra de ordem: “Comida com veneno não dá mais pra aceitar, quero agroecologia com a agricultura familiar”.
Em Feira de Santana, na Bahia, a ação também reforçou a importância da agricultura familiar como alternativa para a produção de alimentos saudáveis. Eles distribuíram kits com produtos agroecológicos como mel, fubá orgânica, sequilhos e geleia de umbu, produzidos por cooperativas e grupos de produção de diversos municípios do estado baiano, filiados ao Armazém da Agricultura Familiar. Na ocasião, agricultores exibiram a produção de hortaliças produzidas com água armazenada em tecnologias sociais disseminadas pela ASA como a cisterna-calçadão e a cisterna-enxurrada.
O direito à água, principal bandeira de luta da ASA, também foi lembrado nas mobilizações. No Centro de Fortaleza (CE) foi construída, simbolicamente, uma cisterna de placas, tecnologia social já bastante disseminada no Semiárido que garante água de qualidade para consumo humano a mais de 4 milhões de pessoas. A chuva cai no telhado e escorre pelas calhas até as cisternas com capacidade para 16 mil litros. A chegada da cisterna mudou a vida de crianças, jovens e, sobretudo, das mulheres.
“Depois das cisternas de água de beber e água para a produção, as mulheres deixaram de andar quilômetros em busca do recurso, e hoje, elas podem investir esse tempo na produção dos quintais, onde estão cultivando seus alimentos como hortaliças, plantas medicinais e frutíferas ou beneficiando produtos, a partir da matéria-prima de suas propriedades. Sem falar que a água que elas consomem, hoje, é água de qualidade, diferente daquela que elas pegavam em outros reservatórios”, destaca Glória Araújo, da coordenação executiva da ASA pelo estado da Paraíba.
No Piauí, a ação chamou atenção para o desperdício de água e os cuidados que podem ser tomados pela população para a melhor gestão da água. Uma parte da intervenção ocorreu dentro de um ônibus. Os passageiros foram surpreendidos com pessoas carregando latas da água na cabeça numa referência a crise de água, uma realidade cada vez mais presente nas cidades. Eles também levaram cartazes contendo frases como: “Faz uma semana que não vai água na minha casa.”, “Qual a água que você deixará para seus filhos e netos?” e “Água é vida. Como você cuida da sua?”.
A metodologia de trabalho da ASA inclui a cultura do estoque e o consumo consciente da água, através de cursos e intercâmbios de experiências. A água tem um valor muito grande na vida de que vive no Semiárido. As famílias aprendem desde cedo a guardar a água da chuva, pois a seca faz parte da natureza do lugar. A média de chuvas na região varia de 200 mm a 800 mm por ano. É o semiárido mais chuvoso do planeta.
Fotos: Flashmob_Bahia: Arquivo ASA Bahia
Flashmob_RN: Arquivo ASA Potiguar
Flashmob_ceara: Mayara Albuquerque