Por Viviane Brochardt,

plenaria abertura sitePor que interessa à sociedade apoiar a agroecologia? Com essa pergunta, Maria Emília Pacheco, representante da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) deu início ao III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), na tarde desta sexta-feira, 16, na cidade de Juazeiro, na Bahia.

“Chegamos com as chuvas, os festejos de São João, para falar, mostrar, trocar, cuidar da terra, alimentar a saúde e cultivar o futuro. Somos 2 mil pessoas, destas 70% são agricultores e agricultoras e, destes, 50% são mulheres”, comemora Pacheco. “Essa mesa de abertura começa a responder a pergunta que nos traz aqui: “Por que interessa a sociedade apoiar a agroecologia?”

A provocação é também uma forma de apresentar o resultado do conjunto de atividades realizadas como momentos preparatórios para o ENA. Ao longo de um ano e meio foram realizados vários encontros estaduais e 14 caravanas territoriais que registraram os conflitos e as disputas geradas pelo agronegócio e pelos grandes projetos de infraestrutura desenvolvidos no País. “Esses projetos expulsam povos e comunidades, causam a perda da diversidade, das sementes, das culturas”, afirma Noemi Krefta do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC).

Se por um lado as caravanas permitiram conhecer de perto as dificuldades enfrentadas pelas populações nos territórios, por outro trouxeram à tona as expressões da agroecologia. “Não são nichos, mas experiências bastante visíveis, trazem o enfrentamento organizado ao modelo tradicional, mas também se expressam nas sementes resgatadas e partilhadas, nas plantas medicinais, nos pequenos animais, nos alimentos saudáveis, na preservação da água, do espaço e ambiente onde vivem, retomam a cultura de povos e etnias, seja na música, na dança… É a afirmação das identidades de cada espaço”, explica Noemi.

A representante do MMC afirmou ainda que esse II ENA é também um espaço de discussão da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), avaliando como esse instrumento pode ser propulsor das demandas trazidas de todos os territórios brasileiros.

“Temos como desafio avançarmos nas lutas e politicas públicas que garantam esse projeto de agricultura, a agroecologia. A (PNAPO) tem o papel fundamenta de dar suporte para que, junto com outras politicas, a agroecologia seja o projeto de agricultura para esse País”, afirma. Naomi é mais enfática ao concluir: “Não há possibilidade de convivência para os dois modelos, para o agronegócios e para a agroecologia. A agroecologia é mais que um modelo de agricultura, é um modo de vida, um projeto de sociedade”.

Para Cássio Trovato , representante do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), a PNAPO faz parte de uma estratégia política de desenvolvimento e reconhece a luta das organizações e movimento sociais para a construção deste documento. “A forca da agricultura familiar, dos povos e comunidades tradicionais, da juventude, a luta de todos foi muito importante para que a presidenta Dilma Rousseff assinasse esses documentos”, reconhece. Trovato.

Outro representante do governo federal, Selvino Heck, secretário-executivo da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, destacou a importantância da PNAPO e da agroecologia para a agricultura do País. “A agroecologia faz aparte de uma nova utopia real que estamos construindo nesse País e no mundo”, afirmou Heck.

Participaram ainda da mesa de abertura do III ENA representantes dos seguintes órgãos e instituições: Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Secretaria-Geral da Presidência da República (SG-PR), Governo do Estado da Bahia, agências internacionais de cooperação, reitoria da Univasf, além de agricultores e agricultoras. O ENA acontece no campus da Univasf de Juazeiro até o próximo dia 20.