chapada do apodiPor Gleiceani Nogueira, Mossoró (RN)

“Somos todos Apodi!” Esse foi o sentimento que marcou a abertura da Caravana Agroecológica e Cultural da Chapada do Apodi, na noite desta quarta-feira (23), no Seminário Santa Terezinha, em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Delegações de todo o Nordeste e de outras regiões do País como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais ligadas à Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) afirmaram seu apoio à luta e resistência das famílias da Chapada do Apodi, que correm o risco de perder suas terras para o agronegócio.

Márcio Gomes, técnico do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA), lembra que o conflito que acontece na Chapada é semelhante ao que ocorre em Minas Gerais, decorrente de um modelo desenvolvimentista. “Lá em Minas estão acontecendo vários conflitos relacionados à monocultura do Eucalipto, à mineração, à disputa de territórios indígenas. Nesse sentido, a gente se coloca enquanto entidade no apoio à Chapada do Apodi”, afirmou.

O agricultor e presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi, Edilson Neto, agradeceu a solidariedade de todas as organizações e disse que esse apoio é muito importante para fortalecer as famílias nesse processo de luta e resistência. “Hoje passamos por um momento difícil. Nossa terra está sendo roubada para o agronegócio. Milhares de famílias podem perder suas terras. Se sairmos de lá, nossos sonhos também acabam. Mas sabemos que vocês estão conosco. Não vamos entregar a Chapada fácil”, disse com voz embargada Seu Edilson. Embora não tenha perfil nas redes sociais, o agricultor também agradeceu o apoio que chega de toda parte do Brasil, através da página da Chapada no Facebook.

O representante do Núcleo Executivo da ANA, Carlos Eduardo Leite (Caê), falou da importância da união das organizações, redes e movimentos na luta contra o agronegócio, que se materializa na realização das caravanas que estão acontecendo em todo o Brasil em preparação ao III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA). “Estamos colocando nosso bloco nas áreas de conflito, no olho do furacão, pra mostrar que temos experiências de vida nas áreas de economia solidária, de segurança alimentar, de geração de renda, para o campo e para a cidade. É nossa mobilização organizada”, destacou Caê.

Ele também destacou o lançamento do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), no último dia 17, como um marco importante na luta pela agricultura familiar. “Aprovamos o Planapo. Ele não veio de presente, foi construído coletivamente com a sociedade civil. Não é o ideal, mas ganhamos mais espaço nesse processo de disputa contra o agronegócio”, relatou.

Boas-vindas – Os participantes da Caravana Agroecológica e Cultural da Chapada do Apodi foram recepcionados pela Batucada Feminista da Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Numa grande ciranda, homens e mulheres entoaram palavras de ordem como “lutar e resistir pela Chapada do Apodi”. Os representantes das entidades do Rio Grande do Norte e do Ceará que estão na organização da caravana como a Rede Xique Xique, o Centro Feminista 8 de Março (CF8), o STR de Apodi e o Cetra deram as boas-vindas a todxs. Em seguida, cada delegação se apresentou com uma música da sua região. A noite foi encerrada com uma encenação sobre o conflito na Chapada do Apodi pelo grupo “Escarcéu do teatro”, de Mossoró.