Foi assinado ontem (01) no Encontro Mineiro de Agroecologia, em Belo Horizonte (MG), um termo de cooperação para criação de um programa de pesquisa em agroecologia e produção orgânica em Minas. A iniciativa será capitaneada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), e envolve a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) e organizações da sociedade civil. Através de uma portaria será instituído um Grupo de Trabalho, que apresentará em 60 dias a proposta a ser aprovada e executada pela Epamig.
De acordo com Edmar Gadelha, Subsecretário de Agricultura Familiar, assim como a criação da Subsecretaria de Agricultura Familiar era uma reivindicação histórica dos movimentos do campo essa cooperação representa um grande avanço no estado. Segundo ele, a ideia surgiu em evento realizado em abril sobre a interface da pesquisa, extensão e agricultura familiar.
No dia 12 de julho houve uma conversa com o governador Antonio Anastacia a respeito da importância de pesquisas sobre alimentos saudáveis e sustentáveis, lembrou Dom Mauro Morelli, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional em Minas (Consea-MG). Depois ocorreu um encontro com a Epamig e duas unidades de pesquisa, contextualizou o articulador da iniciativa.
“Houve um bom entendimento. A sóciobiodiversidade é a grande riqueza desse país e do estado. A Epamig passou a disponibilizar recursos para essas pesquisas, e há apoio do governador. Fizemos também uma discussão com a Universidade de Ouro Preto sobre que outras organizações podem ser capacitadas, como o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), pois só com a Emater não é possível”, ressaltou.
Segundo Gadelha, “é preciso ampliar os instrumentos para que os projetos e programas sejam executados. A proposta levada por Dom Mauro ao presidente da Epamig é um passo importante para o fortalecimento da agroecologia enquanto proposta para o fortalecimento da agricultura familiar e camponesa em Minas”.
Representando a Emater, Hildebrando Marcelo, gerente regional em Belo Horizonte, falou sobre a possibilidade aberta com o Encontro Mineiro de Agroecologia e destacou que a instituição passa por um momento de avaliação do programa de agroecologia no estado. Ele anunciou que em torno de 400 técnicos da Emater estão se qualificando mediante participação em cursos de pós-graduação em agroecologia oferecidos por universidades.
“Isso pode nos auxiliar para essa política e a efetivação de parceria da empresa em relação à agroecologia através da pesquisa. É um ponta pé inicial, estamos atentos a essas questões e vamos usar essas informações do encontro para que seja pautado no planejamento estratégico da empresa”, disse.
Plínio Cesar Soares, da direção técnica da Epamig, representou o órgão destacando que a agroecologia e a produção orgânica são uma realidade no país e em Minas Gerais. Segundo ele, a produção de alimentos sustentáveis tem crescido a uma taxa de 20% no país.
“É preciso unir forças, e só tem a crescer no estado. Há um belo projeto piloto no sul de Minas, precisamos implantar essa metodologia em outras regiões. Estamos trabalhando mudanças de rumo nas nossas linhas mestras das pesquisas, temos oito projetos e um específico em agroecologia. Consideramos essa área estratégica para a empresa, por meio da assinatura dessa portaria conjunta com vários órgãos”, afirmou.
Após a assinatura do documento foi proposto em plenária a participação de algumas organizações para compor o grupo de trabalho representando a sociedade civil: Via Campesina, Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), Articulação Semiárido Brasil (ASA), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg).
(*) Foto: Rodrigo Carvalho/CTA-ZM.