conferenciaPor Renata Garcia,

O município de Ji-Paraná, em Rondônia, realizou a etapa local da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente cujo tema este ano é “Brasil sem Lixão”, que aconteceu nos dias 29 a 31 de julho, no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro) e teve a participação de cerca de 300 pessoas, entre elas, estudantes, representantes de órgãos públicos e privados, movimentos sócias e ambientais e indígenas da etnia Arara.

 

Os quatro eixos temáticos que orientaram os debates foram a “Produção e Consumo Sustentáveis”, “Redução de Impactos Ambientais”, “Geração de Emprego, Trabalho e Renda” e “Educação Ambiental”. De acordo com a assessora executiva da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semeia), Kátia Casula, um dos objetivos da etapa foi analisar e entender o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e também discutir a implantação do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, que deverá ocorrer até 2014, quando termina o prazo para que todos os lixões do País sejam extintos.

Para Reginaldo Oliveira, representante da Rede de Agroecologia Terra Sem Males e um dos delegados da etapa estadual da conferência, “não haverá redução na geração de resíduos se não houver hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos políticos que propiciem a reciclagem e a reutilização dos resíduos sólidos e a sua destinação ambientalmente adequada”.

lixao

Segundo a vereadora Márcia Regina, além de reforçar a participação da sociedade civil no debate sobre a coleta e destinação do lixo, a Conferência também ajudou a fortalecer as associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, “esta é uma forma de garantir a geração de emprego e renda a dezenas de famílias do município”, ressaltou a vereadora.

Para Celso Luiz Monlaz, presidente da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Ji-Paraná – Coomaji, o tema da conferência é um marco histórico para a sua categoria que luta há 12 anos pela regularização da cooperativa. “ Poder discutir junto com a sociedade a melhor maneira de aproveitar o lixo é um sonho que se tornou realidade. Principalmente para gente que viu recurso do BNDES simplesmente desaparecer sem nem sequer chegar á cooperativa”, comentou Monlaz.

A pesquisa mais recente realizada no Brasil sobre manejo de resíduos sólidos foi realizada em 2006 pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e revela dados não muito animadores sobre os hábitos dos brasileiros. Cada indivíduo produz em média 920 gramas de lixo sólido por dia, mas a quantidade recuperada chega apenas a 2,8 quilos por ano, ou seja, 7,5 gramas por dia por habitante. Isto significa que menos de 1% dos restos é aproveitado.

delegados conferenciaO professor do departamento de engenharia ambiental da Universidade de Rondônia – Unir, João Gilberto Souza Ribeiro disse que “se houvesse no país a cultura da separação e reutilização de materiais não precisaríamos extrair tanto recursos naturais, devastando o meio ambiente”.
O Brasil enterra em torno de US$ 10 bilhões todos os anos por não recuperar o seu lixo, este valor é equivalente aos gastos anuais do governo federal com o programa Bolsa Família, que atende a mais de 50 milhões de famílias.

Em busca de soluções

Entre as propostas mais votadas pelos delegados municipais da Conferência estão a inclusão das áreas de povos tradicionais nos programas de coleta seletiva e gestão de resíduos, a criação de hortas comunitárias orgânicas na área urbana e a criação de usina municipal de resíduos orgânicos.

Cerca de 50% do lixo é composto por material orgânico que ao ser descartado provoca a emissão de gases poluentes que aumentam o efeito estufa.

“O aproveitamento do lixo orgânico não é apenas uma questão ambiental, mas também, econômica. Além de ocupar menos espaço físico que poderia ser destinado ás construções, seu reaproveitamento para a fabricação de adubo orgânico gera renda e trabalho para a população”, enfatizou Francisco de Assis, coordenador do Setor Agrícola do Projeto Padre Ezequiel, componente da Rede de Agroecologia Terra Sem Males.

(*) Fonte: Rede de Agroecologia Terra Sem Males.