reuniao dilmaMovimentos sociais ligados ao campo se reuniram na última sexta-feira (05/07), em Brasília (DF), com a presidenta Dilma Rousseff. Representantes de 11 entidades cobraram mais agilidade para resolver as reivindicações das organizações, como a reforma agrária e a melhoria dos serviços públicos nas cidades. Eles discutiram o atual momento do país após a onda de manifestações que tomou as ruas. A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) esteve presente. Também participaram os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, e Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário.

 

Os movimentos evidenciaram que muito da crise urbana se deve a não realização da reforma agrária e a carência de trabalho digno no campo, o que incentiva a migração e o inchaço das cidades.

De acordo com o secretário executivo da ANA, Denis Monteiro, os movimentos reconhecem os avanços dos governos Lula e Dilma, mas cobraram uma reorientação radical das políticas para o campo. O tom dos movimentos foi de cobrança pelas pautas interditadas dos movimentos e pela excessiva demora do governo em atender às reivindicações das organizações da agricultura familiar. Segundo ele, o governo e os parlamentares progressistas precisam ter coragem e agilidade para atender às demandas dos movimentos sociais

“Com a prioridade para o agronegócio, nadamos num mar de soja e cana e somos campeões no uso de agrotóxicos e vice em transgênicos, que contaminam as nossas sementes, mas importamos feijão. É preciso estar atento à ameaça de aumento dos preços dos alimentos deixando o país ao sabor das especulações e entregue às commodities, como soja e cana em detrimento da produção de alimentos. Esperamos que o governo ouça a voz das ruas e as reivindicações dos trabalhadores, pois hoje está refém de alianças com setores conservadores representados no congresso nacional, que trabalham todos os dias para retirar direitos das populações tradicionais e travar a reforma agrária”, afirmou.

Organizações do campo agroecológico cobraram o lançamento do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Alguns encaminhamentos do plano foram elogiados, no entanto, para algumas lideranças, se as regras do crédito para agricultura familiar não mudarem seus objetivos não serão inteiramente alcançados. A expectativa dos movimentos é que o Plano seja lançado em breve pela Presidenta Dilma.

“O Plano de Agroecologia é uma grande oportunidade para governo e sociedade avançarem na produção de alimentos saudáveis, sem venenos e sem transgênicos, em todas as regiões do país. O público prioritário do plano é a agricultura familiar, que tem demonstrado uma grande capacidade de responder a estímulos das políticas públicas, basta ver o Programa de Aquisição de Alimentos e de Alimentação Escolar que, com poucos recursos, se compararmos com o apoio ao agronegócio, aumentam e diversificam a produção rapidamente, abastecendo os mercados locais”, concluiu Monteiro.

A presidenta fez uma breve análise de conjuntura e se comprometeu a promover agilidade do governo nas políticas para agricultura familiar. Ela destacou ainda que o plebiscito sobre a reforma política deverá promover participação da população.

Os movimentos entregaram três cartas ao governo: uma assinada por várias organizações do campo, outra da Associação Brasileira de Reforma Agrária e uma sobre o código de mineração. Outra questão abordada pelos movimentos na reunião foi o marco legal da sociedade civil, a criação de uma lei para regular as parcerias de entes governamentais com as organizações da sociedade civil.

As entidades do campo anunciaram a presença nas manifestações convocadas pelas centrais sindicais para a próxima quinta-feira (11), em defesa do plebiscito sobre a reforma política com participação popular, reforma agrária, entre outros pontos.

Além da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), participaram da reunião representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Movimento Mulheres Camponesas (MMC), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), da Pastoral da Juventude Rural e do Movimento Camponês Popular.

(*) Com informações da Agência Brasil e da página do MST.