parauba sementesAgricultores e entidades de agricultores familiares do município de Queimadas se reuniram através do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável(CMDRS) para discutir o programa de sementes do governo da Paraíba e o recebimento, ou não, das sementes já que o tempo de entrega e o processo de produção das sementes desagradam as entidades e agricultores daquele município.

A reunião aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas e contou com representações de órgãos e entidades diversas daquele município a exemplo de diretores de associações de agricultores, Emater local, Secretaria Municipal de Agricultura e o sindicato que discutiram pontos como o período de distribuição das sementes que na opinião dos presentes deveriam ser entregues dentro do tempo apropriado que tem como limite máximo o dia 19 de março de cada ano, discutiram a importância do estado fazer um trabalho de produção de sementes a partir de variedades locais como forma de fortalecer a tradição dos bancos familiares, comunitário e o banco municipal de variedades tradicionalmente trabalhadas no município.

Entrevistado no Programa Domingo Rural deste domingo(12/05), o agricultor residente na comunidade Malhada Grande e diretor da associação dos agricultores daquela comunidade e adjacências, Paulo Sérgio Alves, explicou sobre a forma como tem se dado as discussões nas comunidades rurais do município, como se deu a dinâmica de discussão na reunião do CMDRS. “A reunião hoje foi bastante interessante, primeiro pelo fato das discussões geradas, os prós e os contra de receber as sementes da forma que vem de cima pra baixo as políticas públicas. Primeiro as sementes que estavam oferecidas não comportavam a demanda á que estava planejado pra vir 2 mil quilos de milho, mil quilos de feião e 400 quilos de semente de sorgo para uma demanda de no mínimo 748 agricultores que estão inscrito no Programa Garantia Safra, quer dizer que só pra esses que são prioridade já não daria porque seria uma quantidade pequena, e também pelo fato de a gente não saber ao certo sobre a procedência dessa semente: pode ser de outra região, pode ser de outro clima, pode ser que tenha um tratamento de produtos de agrotóxicos que pode prejudicar os agricultores, então devido a esses fatos o Conselho se prontificou, votou e a maioria decidiu não receber essa semente devido a isso. Primeiro por desarticular o trabalho que vem sendo feito que gera dependência dos agricultores porque todo ano eles esperam sementes, se organiza pra guardar sementes, criar bancos de sementes em suas comunidades e segundo por não saber a procedência das sementes”, relata aquele agricultor ao dialogar com os ouvintes dos programas e emissoras parceiras de Stúdio Rural.

Aquela liderança disse acreditar quer falta planejamento e diálogo por parte do governo do estado já que ano a ano os fatos se repetem com os mesmos entraves que fazem com que as entidades resistam e não aceitem a oferta da ação do puder público por entender tratar-se de uma política não adaptada ao processo de convivência com o semiárido. “Falta planejamento porque foi discutido no ano passado com essa mesma discussão num conselho de desenvolvimento rural com as entidades representativas da sociedade civil, do sindicato dos trabalhadores rurais, associações de produtores rurais, Emater, prefeitura, órgãos governamentais e mesmo assim foi feito essas discussões e ficou combinado de essas sementes ser compradas na região. Primeiro ia gerar renda, segundo ia se criar um banco genético na cidade e terceiro ia proporcionar a independência dos agricultores em relação a essas políticas que só geram dependências, então falta sim planejamento”.

Severina da Silva Pereira, Silvinha é agricultora na comunidade Maracajá e diretora do sindicato trabalhando o processo de organização dos bancos familiares, comunitários e municipal de sementes, participou do encontro e do Programa Domingo Rural e Universo Rural falando sobre a realidade que chega ser desoladora já que, segundo ela, entra e sai governo e os fatos se repetem, mas diz que, mesmo diante desse desafio e falta de compromisso por parte do poder público, a sociedade está resistindo e se adaptando ao processo de construção de políticas tomando como referência os princípios que fazem com que mesmo diante das necessidades as entidades e agricultores digam não as políticas oferecidas por entender que estão dizendo sim ao processo de práticas sustentáveis que são ações que já vêm sendo implementadas nas dinâmicas da Articulação do Semiárido Paraibano e brasileiro que tem como base a execução de ações de técnicas e tecnologias adaptáveis ao semiárido e garante que são essas diretrizes que levam Queimadas a dizer não a entrega dessas sementes e outras tecnologias que venham contrariar a vivência da agricultura familiar. “A gente assume as conseqüências de as comunidades procurarem o sindicato pra formar bancos de sementes, ou então ter a sua própria iniciativa de formar o banco de sementes e a gente ir lá discutir sobre as sementes, porque as sementes é um patrimônio sagrado, a gente tem que respeitar tanto a semente, pois imagine você pegar uma semente que você não conhece, botar no solo e vai o impacto ambiental como que não vai ser, e a semente da gente não, é a semente da boa qualidade. E se Deus quiser vamos conseguir que o município de Queimadas tenha a sua própria semente e o governo apoiar comprando a semente dos agricultores pra ficar nos bancos de sementes armazenada”, explica Silvinha a partir de um amplo diálogo com os ouvintes das emissoras parceiras de Stúdio Rural.

(*) Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural