A Rede Cerrado reafirmou hoje (09) apoio à agroecologia no encerramento do 1º Seminário Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que ocorreu no auditório Petrônio Portela, no Senado Federal. “Nós somos a favor deste modelo de produção, pois além de promover o desenvolvimento, gera inclusão social e conservação ambiental”, disse Luis Carrazza, secretário executivo da Central do Cerrado, entidade que compõe a coordenação geral da Rede Cerrado. Ele falou acerca do tema de feira orgânica e defendeu a prática, principalmente, quando associada ao agroextrativismo desenvolvido por povos e comunidades tradicionais.

Ao falar da agroecologia e produção orgânica, Luiz Carrazza enfatizou que esta é uma visão moderna e inclusiva. Para ele cada vez mais pequenos agricultores adotam esta filosofia e contribuem para a segurança alimentar e a preservação do solo, das águas e da biodiversidade do país”. A coordenação deste painel, que trouxe inúmeras apresentações de experiências, como a agricultura extrativista e turismo em Unidades de Conservação, Mulheres na Produção Agroecológica, Feiras Orgânicas, Certificação Participativa em assentamento da reforma agrária e também a questão do Gênero e as Sementes Crioulas, foi feita pela Deputada Federal Marina Sant’Anna (PT/GO). Compuseram a mesa também representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Fundação Banco do Brasil, da Rede Ecovida e do Movimento das Mulheres Campesinas (MMC).

Como desafios da agroecologia ele destacou que o maior deles é mostrar que é sustentável a longo prazo, diferentemente da agricultura convencional. “Quase metade do Cerrado, por exemplo, já foi bastante devastado pela plantação de soja, criação de pastos para gados e mineração”, explicou Carrazza, que afirmou que este é “um dos 10 biomas mais importantes e ameaçados do mundo em termos de biodiversidade”. Com exceção dos Pampas, todos os outros do país fazem fronteira e recebem interferências do Cerrado: a Amazônia, a Caatinga, o Pantanal e a Mata Atlântica. “Diante dessa realidade, práticas agroecológicas valorizam e cuidam da riqueza deste bioma”, concluiu.

O Cerrado corresponde a cerca de 1/4 do território nacional, englobando 14 Estados, allém de ser o berço das principais nascentes do Brasil.

O evento, promovido pela Frente Parlamentar Mista pelo Desenvolvimento da Agroecologia e Produção Orgânica, contou com a presença de cerca de 800 representantes de diversos movimentos sociais e populares, universidades, entidades da sociedade civil, autoridades e parlamentares. Também compareceram no evento os ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira e do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que abordou a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), instituída em 2012, por meio do Decreto nº 7.794 e depende da aprovação de um plano nacional por um conselho de ministros.

De acordo com a coordenadora da frente, deputada Luci Choinacki (PT-SC), o evento teve o intuito de incentivar a agricultura familiar brasileira a diminuir o uso de agrotóxicos nos alimentos, “já que o Brasil lidera o ranking mundial no uso de veneno nas plantações”.

Na opinião de Luci Choinacki, a agroecologia e a produção orgânica consideram os aspectos ambientais, sociais e políticos da agricultura, valorizam os saberes, o modo de vida camponês e a economia popular, solidária e ecológica.

Ao final do evento a plenária foi unânime ao aprovar uma carta que estabelece compromissos e metas para a Frente Parlamentar estimular a produção e a comercialização de produtos orgânicos e desenvolver no País a agroecologia como estratégia de fortalecimento da agricultura socialmente justa, economicamente solidária e ambientalmente necessária.

(*) Fonte: Rede Cerrado.