Retomando as saudosas”Feiras dos Pequenos Produtores Rurais de Presidente Juscelino”, realizadas no final da década de 90, a TIJUPÁ e parceiros/as iniciam processo de Feiras com a intenção de que estas iniciativas de caráter econômico-soliário sejam permanentes e com periodiocidade cada vez menor, ofertando – a preços justos – alimentos de origem agroecológica e produtos da economia solidária desta região para consumidores/as das sedes dos municípios
Nos dias 10 e 11 de maio de 2012, agricultores e agricultoras familiares da região do Munim deram início ao processo de comercialização direta de produtos agroecológicos – oriundos de seus roçados e dos quintais e do extrativismo – para consumidores/as das sedes dos municípios de Morros e Presidente Juscelino.
A iniciativa é apoiada por TIJUPÁ e INCRA – por meio do Programa de ATES – parceiras locais (STTRs e EFA N. Sra. do Rosário – Morros) e estaduais (Fórum de Economia Solidária do Maranhão – FEESMA) e feita, de fato, por famílias agricultoras de diversas comunidades rurais de Rosário, Morros e Presidente Juscelino. Nesta primeira edição Lió, Maria José, Vitalina, Madalena, Nelma, Lora, entre outros, mostraram o que é que Bacaba, Patizal, Bandeira, Mirinzal II, Barriguda, Santana, Catarina tem.
A grande diversidade de produtos ofertados nas Feiras é fruto do trabalho de homens e mulheres que colocam a agricultura familiar como responsável por mais de 70% da produção dos alimentos que abastecem a população brasileira. Processos de comercialização direta como estes favorecem o estreitamento e criação de laços de confiança e solidariedade entre produtores/as e consumidores/as a partir do conhecimento dos últimos em relação às formas de produção sustentável experimentadas por essas famílias agricultoras, além da oportunidade de consumir alimentos saudáveis, livres de agrotóxico e a preços justos e acessíveis.
As feiras são espaços que estão para além das estruturas de mercado, simbolizam interação, solidariedade, troca de conhecimentos, modos de vida representados na diversidade de produtos ofertados. São espaços de vivência, onde as memórias e acúmulos individuais fortalecem o coletivo, rearticulando o saber camponês, relembrando os tempos onde não apenas se brincava com a bola de mangaba, mas dominava-se a forma de fazê-la.
Enfim, as feiras da agricultura familiar são, sobretudo espaços de resgate e fortalecimento da identidade campesina. O anunciar de produtos – bola de mangaba, junça, arroz torrado, mel, farinha de tapioca, farinha com coco, massa de puba, polpa de mangaba, leite de mapá, casca de arueira, entre outros, ao som de um Luiz Gonzaga ou Jacson do Pandeiro, certamente, chamou a atenção e fez os/as consumidores/as da região do Munim não só relembrarem suas raízes interioranas, mas voltar a sentir o sabor dos alimentos saudáveis, produzidos sem uso de agrotóxicos… como nos bons tempos.
Por outro lado, a diversidade de produtos apresentada – em um período em que a oferta não é das maiores – demonstra a força da Agricultura Familiar não apenas como principal atividade econômica destes municípios, mas também como atividade imprescindível para o incremento da segurança alimentar e nutricional da população, na preservação e recuperação da nossa rica agrobiodiversidade, entre outros benefícios. Iniciativas como esta, ratificam a sua viabilidade e centralidade da Agricultura Familiar no processo de desenvolvimento local em bases sustentáveis e solidárias, rebatendo de forma frontal, o discurso dos defensores do modelo de desenvolvimento vigente (baseados no tripé do agronegócio, minero-siderurgia e turismo) de que é ultrapassada, que não é capaz de alavancar as economias locais e nem de produzir conhecimentos em benefício da sociedade.
Essas são algumas das razões para que se mantenham viva e permanente as Feiras da Agroecologia e Economia Solidária e que se fortaleça a inserção das famílias no chamado mercado institucional (compras de produtos da Agricultura Familiar pelo governo). A turma “tomou gostou” e voltaram pra casa já com as Feiras do próximo mês marcadas: dia 13 em Morros, 14 em Presidente Juscelino e (a confirmar) a estréia de Rosário no circuito no dia 15 de Junho. Muita gente que não veio na primeira ta prometendo está nas próximas. Enfim, garantir as Feiras de forma periódica e permanente é trabalhar em nome da soberania alimentar e nutricional do povo, na preservação da biodiversidade, na visibilidade do trabalho feminino e melhoria das condições de vida dos homens e mulheres do campo.
Que sejam muitas; sempre alegres; sempre coloridas e acolhedoras; sempre ricas em saberes, sabores, tradições… sempre, sempre.
(*) Reportagem reproduzida da Associação Agroecológica Tijupá.