A atividade, que faz parte da série de discussões do IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), reuniu jovens de diversas regiões do país
Por Pedro Lovisi e Karol Borges
“A gente precisa de incentivos para continuar no campo. A mídia e as escolas dizem que o melhor pra gente é estar na cidade, mas precisamos nos fortalecer para mostrar que nosso lugar é o campo. É de lá que a gente veio e dá certo morar lá.” A fala da agricultora Regilane Alves, de Itapipoca (CE), mostra a força das demandas das juventudes do Campo, das Águas, da Florestas e das Cidades presentes no IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA).
Seus desafios e propostas foram apresentados durante a Plenária das Juventudes na manhã de sábado, 2 de junho, no Parque Municipal. A atividade reuniu jovens de diversas regiões do país para contribuir com a discussão central do encontro: a união do campo e da cidade na luta pela agroecologia. Ao longo da reunião foram recitadas poesias e raps que dialogam com as reformas sociais defendidas pelos grupos presentes, entre elas, a reforma agrária e a igualdade racial, social e sexual.
As juventudes denunciaram as diversas violências sofridas, em especial as contra as mulheres e meninas, o extermínio da juventude negra, a lgbtifobia, o crescimento dos conflitos fundiários contra povos e comunidades tradicionais. Também trouxeram o repúdio ao intenso processo de fechamento das escolas do campo, fenômeno esse que contribui para o esvaziamento e a desterritorialização das juventudes camponesas.
Ao reafirmar que “A nossa ousadia é o campo e a cidade na luta pela agroecologia” eles anunciaram a urgência do rompimento da falsa dicotomia entre campo e cidade, compreendendo que só a união conseguirá produzir um novo paradigma para a produção de alimentos e o campo brasileiro. Para a coordenadora do Fórum da Juventude da Grande Belo Horizonte (BH), Lívia Sabino, as lutas da periferia não estão distantes do campo, uma vez que os dois meios convivem com o agrotóxico e com a falta de saneamento básico. Entretanto, ela exalta o aprendizado mútuo entre os participantes: “Aprendemos muito com o campo, como a não cimentar nossos quintais, a plantar mais e, principalmente, a cuidar da vida”, relata.
A assessora das juventudes pelo Centro Sabiá, Janaína Ferraz, reafirma essas necessidades. “A juventude demanda a visibilidade desses sujeitos de direito em sua diversidade, em suas cores, religiões e etnias. A permanência da juventude no campo e sua autonomia junto à unidade familiar e na unidade produtiva.”, declara. A juventude quer debater gênero nas escolas, implementar a política de sucessão rural, defender territórios livres de agrotóxicos, aprofundar suas experiências de agricultura urbana e consolidar nossas autonomias.
Confira a síntese da Plenária das Juventudes: