Por Miriam Sperb 

Conversar com Irany Arteche muda para sempre a visão sobre o que deve ou não fazer parte de uma alimentação saudável.  Conhecedora de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc), a nutricionista conduziu, na quinta-feira, 25 de abril, a oficina Conhecer para cozinhar: o potencial das Panc, organizada pelo Centro Ecológico na casa de Zita Becker, em Morro Azul, Três Cachoeiras, Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

Nessa experiência, agricultoras e agricultores do Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida, consumidoras e integrantes das farmacinhas caseiras do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), selecionaram, limparam, cortaram e prepararam pratos com plantas ou partes de plantas comumente descartadas ou não reconhecidas como alimentos. Muitas crescem nas lavouras, calçadas e jardins, onde são exterminadas por capinas, inclusive químicas. “São plantas desprezadas, negligenciadas, desvalorizadas, desconhecidas, mas são alimentícias”, defende Irany.

Diversificar a alimentação pode prevenir doenças

Conforme a nutricionista, perto do repertório que existe de alimentos – cerca de 5 mil plantas alimentícias no Brasil –  e as demandas do nosso organismo, a alimentação atual é muito limitada, excluindo assim, nutrientes que poderiam prevenir doenças. Irany aproveitou também para desfazer alguns mitos, como o consumo de alimentos crus – que contêm muito oxalato de cálcio, extremamente prejudicial para os rins -, o suco verde, pelo mesmo motivo e por ser feito quase sempre com os mesmos vegetais, e o prato com um alimento de cada cor. “Esses dias fiz um prato todo bege: farofa com jaracatiá, que é da mesma família do mamoeiro, batata baroa grelhada, quem vai dizer que isso não é nutritivo, porque não tem todas as cores?”.

Participantes colocam conhecimentos em prática

Nos dias seguintes à oficina, as participantes já mostravam, via whatsapp, conhecimentos culinários para transformar picão preto, folha de batata-doce, trapoeiraba, casca de pitaya e outras Panc, em atraentes pratos para o dia a dia: lasanha, pães, patês, refogados e um molho de goiaba, que substitui o molho de tomate.

A oficina Conhecer para Cozinhar foi a última etapa do curso Quintais Comestíveis, desenvolvido com apoio da Rede Terra do Futuro, como parte da estratégia para construir modos de vida sustentáveis.